sexta-feira, 26 de abril de 2013

O ESPÍRITO SANTO COMO AGENTE DE CONVENCIMENTO DO PECADO, DA JUSTIÇA E DO JUÍZO

Quando vemos a situação de degeneração espiritual e moral do mundo e lemos em João 16.8 que o Consolador convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo, podemos ficar com duas dúvidas na mente:1) Considerando que o Consolador já veio e que o mundo não está convencido do pecado, da justiça de Deus e do seu juízo, teria Ele falhado em sua missão? 2) Ou Jesus teria errado em sua promessa?
Também podemos ficar confusos quanto as ações do Espírito Santo com vistas ao convencimento do mundo. Agiria por Ele só na consciência das pessoas com argumentos que levariam o mundo ao reconhecimento do pecado e se arrependeriam em suas totalidade?
Ao que parece muitos crentes hoje pensam assim e, deixando a pregação do evangelho de Jesus Cristo de lado, somente agem como servos de Cristo como se isso fosse o suficiente, já que o mundo será salvo pelo convencimento produzido pelo Espírito Santo.
No entanto nem o Consolador falhou em sua missão, nem Jesus errou em sua promessa, nem o convencimento se dá pela ação do Espírito Santo por si só na consciência das pessoas. E isto pode ser constatado através de um exame acurado do texto, tendo como base a análise do significado da expressão grega que foi traduzida por "convencerá".
Conforme Strong, James: Léxico Hebraico, Aramaico E Grego De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil,) ελεγχω (elegcho) significa "sentenciar, refutargeralmente com implicação de vergonha em relação à pessoa sentenciada por meio de evidências condenatórias; trazer à luz, expor, achar falta em; corrigir pela palavra; repreender severamente, ralhar, admoestar, reprovar; exigir prestacão de contas, mostrar para alguém sua falta, exigir uma explicação;corrigir pela ação, castigando, punindo."
Note-se que a expressão traz sempre a idéia de ações severas de repreensão, refutação, correção pela palavra, exigências, castigos e punições. Martinho Lutero, conforme Luther Bibel 1545 Die Gantze Heilige Schrifft. Sociedade Bíblica do Brasil, 1545; 2005, traduz ελεγχωpor repreender. A tradução, então, ficaria assim: "E, quando ele vier, repreenderá o mundo por causa do pecado, e da justiça e do juízo."
Examinando outros textos em que ocorre a palavra ελεγχω, podemos constatar que é sempre no significado de repreensão e condenação. Observe-se:
Em Mateus 18.15 - Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele só
Em Lucas 3.19 - Sendo, porém, o tetrarca Herodes repreendido
Em João 3.20 - Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas.
Em Efesios 5.11 - E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as.
Em 1Timóteo 5.20 - Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos
Em Apocalipse 3.19 - Eu repreendo e castigo a todos quantos amo


As palavras de Jesus são muito mais contundentes do que "convencer". Ele estava falando de uma ação de repreensão, sentenciamento e correção pela Palavra pregada sob o poder do Espírito Santo e, também, condenatória, no sentido de punição pelo erro. Ação, também, de trazer à tona para o indivíduo o seu próprio erro e fazê-lo se envergonhar, abrindo caminho para a possibilidade de humilhação diante de Cristo e consequente arrependimento e pedido de perdão pelos pecados.

Creio que tendo lido e compreendido o texto conforme o Senhor Jesus declarou, muda todo o nosso posicionamento quanto à pregação da Palavra de Deus. Não vamos ficar pregando ao pecador apresentando-lhe amenidades, fugindo de falar a respeito do pecado, da necessidade de arrependimento. Nem vamos ficar agindo socialmente ou misticamente somente, esperando que o Espírito Santo convença por Ele mesmo. Ao contrário, compreenderemos que o convencimento vem através da repreensão, da apresentação da sentença afirmada por Jesus de que quem não crê nele já está condenado. Através da pregação da Palavra estaremos sendo usados pelo Espírito Santo em um verdadeiro combate contra as trevas.
Além disso, nos dará a visão de que não podemos realmente nos conformar com o mundo, que está no pecado, precisando da justiça de Deus manifestada em Jesus Cristo e à mercê do juízo divino pois tem como príncipe o maligno que já está condenado.