quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O BATISMO COMO OBRA DE FÉ

Via de regra se pensa na fé como um sentimento muito forte de convicção de que algo pode ou será realizado por alguém. Mas isto não é fé, é acreditar. E acreditar é parte da fé somente.
Fé é um sentimento de crença que leva a algum tipo de atitude diretamente vinculada e dependente do que se acredita.
Exemplifico com Marta no episódio da ressurreição de Lázaro. Quando soube que Jesus estava perto da aldeia de Betânia foi ao encontro dele e declarou um sentimento de profunda crença no poder de Jesus para curar. Disse: "Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido." Uma declaração de um sentimento que tinha mais um certo sentido de repreensão. Em seguida declarou outro sentimento de crença em Jesus: "Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus te concederá." E, mediante a afirmativa de Jesus de que o irmão dela iria ressuscitar, fez outra declaração de um sentimento que estava em seu coração: "Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia." O coração de Marta estava cheio de sentimentos de crenças verdadeiras a respeito de Jesus.
No entanto, quando Jesus chegou junto ao sepulcro e mandou que a pedra fosse tirada ela fez outra declaração que demonstrou ao próprio Senhor Jesus que ainda não cria com uma fé plena. Argumentou com Jesus que o corpo já cheirava mal. Não acreditava com atitudes que Jesus ressuscitaria seu irmão. Por isso o Senhor Jesus lhe disse: "Não te tenho dito que, se creres, verás a glória de Deus?"
Ela precisava crer verdadeiramente, precisava demonstrar com uma atitude que realmente cria em Jesus.
Assim é a declaração de Jesus "quem crer e for batizado será salvo." Quem tiver um sentimento de reconhecimento que Jesus é o Filho de Deus, que Ele é o Salvador, e se entregar a ele através do batismo, será salvo. O reconhecimento dEle como Salvador é o sentimento e o batismo é o ato que faz com que a fé seja real no coração daquele que deseja ser salvo.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DAS ESCRITURAS PARA O RECEBIMENTO DA VIDA ETERNA

Baseado em João 5:31-47

Por causa da cura de um paralítico em um dia de descanso dos judeus, estes perseguiram Jesus e procuraram matá-lo. O Senhor não se intimidou e aproveitou a oportunidade para declarar a sua natureza divina e a sua ligação perfeita com o Pai no que tange à concessão da vida eterna através da crença na sua Palavra, e do juízo que lhe foi entregue e que será exercido perfeitamente enquadrado na vontade de Deus, como um juízo realmente justo.

Na última parte dos seus ensinamentos, Jesus estabeleceu algo que os judeus davam muito valor, o testemunho a respeito de uma pessoa. Jesus dizia ser o Filho de Deus, mostrava ser igual a Deus e, portanto, afirmava cumprir tarefas de Deus. Quem daria testemunho dEle? Quem testificaria da veracidade de sua pessoa divina?

1. QUEM DÁ TESTEMUNHO DE CRISTO É O PAI – v. 31-39

Os judeus se vangloriavam de conhecer e obedecer a Deus. Foi nesse sentimento que Jesus fez a fixação do ensinamento sobre a veracidade da sua filiação única com Deus. Não queriam crer no testemunho dele (em outra ocasião também foi questionado a respeito -8:13,14,18), então deveriam crer no testemunho do Pai.

No versículo 32 ficamos com a impressão inicial de que Jesus estava falando a respeito de João Batista, mas esta impressão se desfaz quando lemos os versículos 36 e 37 onde encontramos a indicação precisa de que estava falando do testemunho do Pai.

Conforme Jesus ensinou, o testemunho do Pai foi dado através:

1. Das pregações de João Batista que testemunhou da verdade (v. 33) e que, de certa maneira foi aceito pelos judeus, que desejaram se alegrar por um pouco de tempo com a luz dele (v. 35);

2. Das obras realizadas por Jesus (v. 37) que foram dadas por Deus e que testificaram de que Jesus foi enviado por Deus;

3. Das Escrituras (v. 37-39) que registram a Palavra de Deus e que precisa ser crida para que se possa crer naquele que enviou o Filho. Para que se possa crer no Filho de Deus é necessário que as Escrituras sejam interiorizadas e permaneçam no interior, na alma da pessoa. Mas Jesus afirma que para que isto seja possível é necessário crer em Deus realmente. Ou seja, só crê na Escritura como sendo a Palavra de Deus que testifica do Filho de Deus, quem crê em Deus realmente. Quem não crê na Escritura, na Bíblia, não crê em Deus de fato.

Os judeus examinavam as Escrituras, conheciam suas palavras, conheciam a Lei, conheciam os fatos registrados nelas, criam que a vida eterna estava nelas de alguma maneira, mas não conseguiam ver o Filho de Deus nelas.

2. O TESTEMUNHO DO PAI É PARA QUE SE TENHA VIDA – v. 40

A grande preocupação de Deus com a humanidade é no sentido de que o homem tenha novamente a vida eterna que perdeu quando o pecado entrou no ser humano através de Adão e Eva. Por isso desde a eternidade Deus planejou enviar e sacrificar seu Filho. O testemunho de Deus através das Escrituras não teria nenhum sentido se não fosse para ensinar o caminho do recebimento da vida através de Jesus Cristo. Examinar a Bíblia com qualquer outra finalidade é perda de tempo, é buscar apenas uma vivência terrena ideal, ou um conhecimento intelectual da pessoa de Deus, ou um comportamento religioso formal e vazio. Quem examina as Escrituras pode e deve ir a Jesus Cristo para receber a vida eterna.

3. RECEBER O TESTEMUNHO DO PAI A RESPEITO DO FILHO É TER EM SI MESMO O AMOR DE DEUS – v. 42

Os judeus examinavam as Escrituras, mas não criam no testemunho delas a respeito do Filho de Deus. Isto significava que não criam realmente em Deus. Significava, também, que não tinham em si mesmos o amor de Deus. Se de um lado não criam, por outro não recebiam. Não amavam a Deus sobre todas as coisas, não desfrutavam do amor de Deus que era manifestado na dádiva do seu Filho.

4. O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS É SUPERIOR AO TESTEMUNHO DE QUALQUER OUTRA PESSOA – v. 43,44

Jesus veio em nome de Deus. As Escrituras testificaram dele. Mas os judeus não o aceitaram e, preferiram aceitar as palavras de outras pessoas que, inclusive os incitava a matarem o Filho de Deus. Se Jesus dizia que era o Filho de Deus, preferiam ficar com o testemunho daqueles que diziam que não era. Além disso, a história registra inúmeros “messias” que vieram em seu próprio nome, inclusive logo após a morte de Jesus, e foram aceitos como tal. Foi o caso de um certo Simão bem Cochba, que em 132 d.C se apresentou como sendo o Messias da linhagem de Davi e foi aceito pelo rabino mais importante do seu tempo, Akiba, e que liderou uma revolta contra Roma.

Não há como crer no Filho de Deus, no testemunho das Escrituras, dando-se ouvidos a palavras de homens vazios, que testificam de si mesmos como se fossem enviados de Deus e como se tivessem alguma ligação especial com Deus.

5. SÓ CRÊ NAS PALAVRAS DE JESUS QUEM CRÊ NAS ESCRITURAS – v. 45-57

Impressiona como Jesus foi construindo na mente de seus ouvintes uma sequência de fatos a respeito dEle, da sua natureza única com o Pai, da palavra dEle, da vida eterna e da necessidade de se crer nas Escrituras para que se possa crer nEle como o Messias, o Salvador que concede a vida eterna.

Jesus dá a vida a quem crê incondicionalmente na palavra dEle; Jesus dá a vida porque Ele recebeu do Pai conceder a vida a quem Ele quiser conceder; Jesus tem que ser honrado como Filho de Deus por quem deseja honrar o Pai; a vida eterna é garantida a quem dá ouvidos à palavra de Cristo e, consequentemente, crê no Pai; quem testemunha que Jesus é o Filho de Deus é o próprio Deus, através de profetas que enviou, das obras que Jesus realizou e, finalmente, através das Escrituras; só crê em Jesus quem vai a Ele através das Escrituras para ter a vida, crendo no que foi escrito a respeito dEle.

O Senhor Jesus finalizou seus ensinamentos àquelas pessoas fazendo referência aos escritos do profeta mais exaltado pelos judeus, Moisés, escritor dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, afirmando que do próprio Jesus ele escreveu e que se não criam no que Moisés escreveu, não poderiam crer nas palavras dEle. Resumindo: Quem não crê no que está escrito nas Escrituras não pode crer nas palavras de Cristo. Se não crê nas Escrituras, não crê nas palavras de Cristo e não tem a vida eterna.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O MISTÉRIO DE DEUS: A MANIFESTAÇÃO, O CONHECIMENTO E O VALOR

A igreja de Colossos era conhecida e reconhecida por sua fé em Jesus Cristo. Isto está registrado no início da carta.
Mas, reconhecidamente a igreja de Colossos estava em uma sociedade pagã, que adorava muitos deuses, que praticava religiões de mistérios, através dos quais jaziam como presas fáceis e inertes de xamãs, líderes religiosos que se impunham através da declaração e atos misteriosos de ocultismo.
Na carta aos Colossenses, o que palavras do apóstolo Paulo deixam transparecer para nós é que existiam pessoas querendo dominar a igreja com ensinamentos e práticas de supostos mistérios (v. 18) e, também, como sempre acontecia com as igrejas, pessoas querendo dominar com práticas religiosa do judaísmo (v. 11-16). Tudo girava em torno da religiosidade. Se por um lado eram apresentados “mistérios” do paganismo, por outro o mistério de Cristo era ignorado pelos judeus que se apegavam a tradições de homens e tentavam impor aos crentes em Cristo (v. 8).
O apóstolo Paulo, então, introduz e apresenta neste trecho da sua carta o mistério de Deus que é Cristo, declara a necessidade de o homem ser apresentado perfeito em Jesus Cristo, e da necessidade de o crente ser “enriquecido da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus” que é Cristo. É a respeito deste mistério de Deus que vamos discorrer um pouco.

O MISTÉRIO DE DEUS JÁ FOI MANIFESTADO – 1:24-26

O mistério de Deus era Jesus Cristo na humanidade(27). Deixou de ser mistério quando Ele foi manifestado (v.26). Quando o Verbo se fez carne aconteceu histo-ricamente a manifestação visível do mistério de Deus para a salvação da humanidade. Um mistério que esteve oculto por toda a eternidade (este é o significado de “durante todos os séculos”). Não oculto no sentido de não ser revelado de alguma maneira por Deus, porque o foi através dos seus profetas como está registrado no Antigo Testa-mento, porém oculto exatamente no sentido de não ter sido perfe-itamente revelado à humanidade como um fato histórico. O nascimento, ministério, sacrifício e ressurreição de Jesus foi a manifestação real, histórica, do Messias, do mistério de Deus para a salvação do homem.
Isto significa que não há mais mistério no sentido de ainda estar oculto e de precisar ser revelado. O que era oculto, que precisava ser crido como uma esperança futura através do que Deus revelava aos seus profetas tornou-se uma realidade visível, palpável, física, ao alcance de toda a humanidade. A igreja não poderia se deixar levar por mistérios religiosos porque o mistério de Deus estava nela, como corpo de Cristo que continuou sobre a face da terra (v. 24).

O MISTÉRIO DE DEUS PRECISA SER CONHECIDO
– 1:27-29; 2:1,2

Desde o nascimento do Messias que o mistério de Deus foi revelado e, para conhecimento, a revelação passou apenas da anunciação. A vinda do Messias como homem, seu ministério, sacrifício e ressurreição precisa ser apenas anunciada. E para o desempenho desta tarefa o próprio Senhor Jesus Cristo constituiu ministros. O apóstolo Paulo assumiu este ministério que lhe foi designado para com os gentios, aos quais Deus quis fazer conhecer, também, o seu mistério, que é Cristo na própria igreja.
Do texto da sua carta destacamos alguns elementos do conhecimento do mistério de Deus.
1. O conhecimento foi anunciado com admoestações e ensina-mentos (v. 28). A palavra traduzida por “admoestações” é noutheteo que tem o significado de advertência. O conhecimento do mistério de Deus, Cristo, foi transmitido pelos apóstolos de Cristo e pelo próprio Senhor Jesus, em forma de advertência. Cristo não pode ser conhecido apenas como uma opção religiosa, ou como alguém que pode apenas fazer alguma diferença na vida das pessoas. Precisa ser conhecido como o Salvador de uma catástrofe que é definitiva na vida de todo ser humano, que é o sofrimento eterno. A transmissão do conhe-cimento de Cristo não envolve amenidades ou suposições; não envolve coisas passageiras, mas envolve a definição entre a vida e a morte, envolve a urgência da aceitação de Cristo como Salvador enquanto há vida, envolve o juízo final e definitivo sobre toda a humanidade. Isentar a pregação da salvação em Jesus Cristo de advertências sérias é menosprezar a manifestação do mistério de Deus em Cristo Jesus, e este crucificado.
Mas a advertência precisa ser compreendida e o ensinamento com sabedoria também foi transmitido. Advertir somente deixa a pessoa perplexa, caso ela dê ouvidos. Deixa como que paralisada em algum ponto de sua vida, temerosa de seguir em frente. Por isso o ensinamento se faz necessário pois aponta as atitudes requeridas por Deus para que o sacrifício de Cristo seja efetivo e útil em nossas vidas.
2. A anunciação do conhecimento tem objetivo definido (v. 28). Este objetivo é o ser humano. O apóstolo Paulo fez referência ao seu trabalho de anunciação pessoal. Não importa se praticou o evangelismo pessoal em várias vezes, ou se praticou o evangelismo a grandes quantidades de pessoas, mas sempre estava visando o ser humano com indivíduo. Mas procurou levar o conhecimento de Cristo a todo ser humano. O mistério de Deus é para todo aquele que crê, sem distinção, sem predestinação, sem discri-minação. Se o homem vai aceitar ou não a anunciação e receber o mistério de Deus, Cristo, é uma opção pessoal, assim como é uma opção ir para a luz de Cristo ou ficar nas trevas do pecado. Mas o fim da anunciação é sempre todo e qualquer ser humano.
3. O conhecimento tem uma finalidade específica (v. 28). Conhecer por conhecer, para acumular conhecimento intelectual ou experimental durante a vida é tolice. O conhecimento tem objetivar e alcançar um fim específico. O do conhecimento do mistério de Deus é a perfeição do homem em Jesus Cristo. Sozinho não consegue alcançar a perfeição, mas em Cristo é levado à perfeição. Deus não quer nada mais nada menos que a perfeição do ser humano.
4. O conhecimento requer atitudes específicas do ministro de Cristo (2.1,2). Atitudes tanto do seu ministro quanto de todo o corpo. O apóstolo Paulo as enumerou: a) Trabalho. Não há anunciação do evangelho de Jesus Cristo sem trabalho. b) Combate. Combate além das nossas forças e da nossa eficiência, porém que é realizado sob o poder eficiente do Senhor Jesus e com objetivos definidos. O apóstolo Paulo desejava arden-temente que todos os crentes tives-sem seus corações consolados. Corações aflitos não conseguem anunciar o evangelho de Jesus Cristo, não conseguem viver em paz a nova vida em Cristo. Combatia, também, para que a igreja tivesse unidade em amor, pois a unidade permite que o mundo saiba, através da anunciação do corpo de Cristo, que Jesus foi enviado ao mundo por Deus. E desejava, também, que a igreja tivesse toda a riqueza da forte confiança produzida pelo entendimento para que tivessem pleno conhecimento do mistério de Deus, Cristo. Ou seja, pleno conhecimento de Cristo.
Ou seja, o esforço e combate do ministro de Cristo tem que girar sempre em torno do objetivo de a igreja ser consolada, estar unida em amor e ter forte confiança em Deus. E tudo isto acontecerá através do conhecimento de Cristo. O ministro tem que trabalhar arduamente para levar todo o conhecimento de Cristo à humanidade.

O VALOR DO MISTÉRIO DE DEUS
– 1.26,27; 2:3

O mistério de Deus, Cristo, é comparado pelo apóstolo Paulo com um tesouro. Um tesouro que esteve oculto desde o princípio de todas as coisas (v. 26 – “início de todos os séculos”). Isto significa que quando Deus fez o homem o mistério de Deus já estava estabelecido, ou seja, a encarnação, vida, morte e ressurreição do Verbo já estava estabelecida. O Filho estava aguardando o momento em que se manifestaria como personificação de todo o mistério da salvação providenciada por Deus ao homem.O tesouro estava oculto mas não foi descoberto. Nunca foi desco-berto pelo homem em todas as suas gerações (v. 26 – “em todas as gerações”), apesar de tê-lo procu-rado tanto. O tesouro foi dado a conhecer. O seu conteúdo, a sua natureza e o seu objetivo foram revelados por Deus à humanidade. Todas as riquezas da glória do Messias corporificando o plano de salvação para a humanidade foram reveladas por Deus primeiramente ao povo separado (aos santos) e, depois, aos gentios (o restante da humanidade).
O mistério de Deus, Cristo, é esplendoroso é inigualável, pois contém todos os tesouros da sabedoria e da ciência (2.3).

CONCLUINDO


Não existe mais mistério no evangelho de Jesus Cristo. Tudo o que concerne ao evangelho, à salvação oferecida e operada por Deus através do Filho já foi perfeitamente revelado por Deus à humanidade através de Cristo Jesus. Por isso o crente em Cristo não tem que dar ouvidos a quem anuncia algum tipo de mistério religioso, mesmo que seja dito que é cristão.

sábado, 10 de abril de 2010

ATOS DE FÉ FALSOS E VERDADEIROS

Fé é um profundo sentimento de confiança em algo que nos foi informado, pelo qual agimos com determinação e firme convicção de que o resultado da ação será eficaz para a realização do fim que almejamos.
O ato de fé é a ação pela fé, ou seja, pelo reconhecimento de fatos ou impressões transmitidas como sendo verdadeiros. O ato de fé depende sempre da confiança que depositamos na informação que recebemos de outra pessoa. O ato de fé pode ou não nos levar a um resultado eficaz dependendo sempre da idoneidade do transmissor e da verdade do que nos foi transmitido. O ato de fé sempre se alicerça na confiança que depositamos no elemento que nos transmite uma suposta verdade. Para que o ato de fé se constitua em ação por uma fé verdadeira ou falsa é necessário que: a) a verdade seja absoluta e sem distorções; e b) o elemento que transmite seja verdadeiro. Caso contrário o ato de fé será falso e o praticante do ato de fé estará praticando uma fé falsa, destituída de verdade.


Existem o ato de fé natural e o ato de fé religioso.

No ato de fé natural a prática ou assentimento é baseado em fatos e verdades naturais, e a informação parte de outro homem, com autoridade naturalmente reconhecida ou aceita. Podemos citar como exemplo de fé natural a crença que temos nas mais diversas informações que recebemos ao longo da nossa vida natural. Acatar uma simples informação a respeito de qualquer coisa do cotidiano é um ato de fé natural. Para que o resultado da confiança na informação seja eficiente, é necessário que a pessoa que informou tenha alguma autoridade concernente ao fato transmitido, e que o fato transmitido seja verdadeiro. Caso contrário a pessoa que confia na informação será levada ao engano. Por exemplo, tomar um medicamento que um médico indicou é um ato de fé natural. Quem acata a informação ou determinação do médico confia que ele tenha autoridade no assunto em questão, confia que ele transmitiu a informação corretamente e age com fé ingerindo o medicamento. Se a pessoa que se apresenta como médico não for realmente um médico, ou se não tiver autoridade sobre o assunto, ou passar uma informação errada, o indivíduo que ingerir o medicamento terá praticado um ato de fé enganado e o resultado não será o esperado.

No ato de fé religioso, a prática ou assentimento é baseado em fatos sobrenaturais e a informação parte de Deus, com a sua própria autoridade. Religião pressupõe ligação com Deus e, pressupõe, também a autoridade própria de Deus como Criador e Sustentador de todas as coisas. Pressupõe, também, a soberana vontade de Deus que deve ser obedecida. Ao homem não cabe mudar a vontade de Deus, mas somente aceitá-la ou não, recebendo sobre si as conseqüências da sua escolha.
Infelizmente, com o advento do pecado e o afastamento da humanidade do seu Criador, a prática de religiões falsas baseadas em pressupostos criados pelos próprios homens e a crença em divindades inexistentes proliferaram, e atos de fé religiosos se tornaram inúmeros e tão falsos quanto aquele que levou o primeiro casal à queda da fé no Deus único e Criador de todas as coisas.
No entanto, há uma linha ininterrupta de atos de fé baseados somente nas revelações e mandamentos do Deus único e verdadeiro e podemos ler destes atos de fé em todo o Antigo Testamento até o fechamento de toda a Bíblia, no Novo Testamento, no livro de Apocalipse. Um resumo de atos de fé no Deus verdadeiro encontramos em Hebreus capítulo 11. Em Teologia convencionou-se chamar esta fé verdadeira porque baseada nas revelações do Deus verdadeiro, de atos de fé cristã, porquanto são baseados na revelação de Deus através da Bíblia que tem a salvação através de Cristo como sua mensagem central.
A Bíblia tem todos os ensi-namentos a respeito da fé cristã e nos dedicaremos a estudar alguns dos ensinamentos com a finalidade de sermos fortalecidos em uma fé verdadeira e, assim, sempre alcançarmos êxito em nossos atos de fé.

A fé é adquirida através do ouvir

A fé não é adquirida por ver porque é “a prova das coisas que se não vêem”(Hb 11.1). Ora, se a fé fosse adquirida por ver, não seria fé pois  não seria um ato de confiança naquilo que foi informado. E a Bíblia diz que a fé em Cristo, a fé verdadeira em Deus, é adquirida somente pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.16-21).
Mas não é pelo ouvir simplesmente como um fenômeno de audição, porém pelo recebimento da Palavra de Deus como sendo verdadeira e pela obediência a ela. Este é o sentido de ouvir a Palavra de Deus. Escutar e obedecer sem contradizer. Por isso o autor da carta aos Hebreus disse que “nem todos obedecem ao evangelho” e, também, cita Isaías profetizando a Palavra de Deus que diz: “Mas contra Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.” O povo de Israel é um povo sem fé em Deus porque não tem fé no Filho dEle. E isto não aconteceu por falta de ouvir, porém aconteceu por rebeldia contra a Palavra de Deus.
Se alguém quer ter fé e deseja praticar atos de fé verdadeiramente cristãs, precisa, antes de tudo, dar ouvidos à Palavra de Deus e esta está escrita, conforme afirmação do próprio Senhor Jesus (Em João 10.35 ele faz referência à Palavra de Deus como sendo a Escritura). Dar ouvidos a supostas palavras de Deus, colocadas por homens como se fossem mediadores de Deus e de homens, como se tivessem ligação especial direta com Deus, é expor-se à prática de uma fé falsa, pois o ato de fé estará baseado em informações que não podem ser atestadas como idôneas, por não terem como referencial a própria Palavra de Deus escrita.

O ato de fé cristã é o resultado da crença em Deus – Gl 3.6

A fé é um sentimento interior. É a interiorização da Palavra de Deus e a convicção de verdade que ela produz no coração de quem dá ouvido e está predisposto a obedecer. O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes da Galácia, afirmou que “Abraão creu em Deus”. Crer é ter fé e sempre resulta em atos de fé. O autor da carta aos Hebreus escreveu que “pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.” (Hb 11.8). Abraão creu em Deus. Creu no Ser Todo poderoso, no Ser Soberano, no Ser Criador, no Ser Onisciente, no Ser Eterno. A idoneidade do Ser em quem Abraão depositou a sua confiança é inquestionável e é provada através da própria História da Humanidade.
Atos de fé resultantes da crença em homens são falsos porque o que tem fé e age por fé humana tem e faz por informações deficientes, limitadas, manifestadas por interesses resultantes de um ser inidôneo por causa da sua natureza de pecado. Na fé cristã não há espaço para a fé religiosa humana porque ela é totalmente fundamentada no plano de Deus para a salvação da humanidade e nos mandamentos que Deus estabeleceu para a humanidade.

O ato de fé conforme os padrões humanos leva ao atrofiamento da fé cristã – Lc 18.8; Mt 24:23-25

Ensinando a respeito da justiça de Deus sendo exercida para com os seus escolhidos, Jesus deixou um questionamento com ares de profecia: “Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” Ele estava dizendo da diminuição da fé na terra até a sua volta. Mas, em outros textos, ele falou a respeito de como os falsos profetas fariam milagres e enganariam a muitos, o que nos faz reconhecer que a fé religiosa falsa se multiplicará.
Com isto Jesus estabeleceu um paradoxo: A fé da humanidade diminuirá, porém parecerá que aumentará. Isto porque a huma-nidade cada vez mais será enganada por elementos de fé falsos e se afastará da fé verdadeira. Não pode haver comunhão entre a verdade e a falsidade. Não existe meio termo. Ou a fé é cristã, baseada na Palavra de Deus, ou é uma fé falsa, religiosa conforme os padrões do mundo.

Concluindo

Confiar, ter fé, é algo inerente à natureza do homem. Deus colocou a sua Palavra como elemento único de ato de fé para a sua criatura. O homem falhou no seu ato de fé e, por isso, pecou. Satanás, sabendo que a fé é pessoal e que pode ser verdadeira ou falsa, influenciou o homem e passou-lhe informações falsas, com aparência de verdade. O homem aceitou a informação de um ser sem idoneidade e terminou por aceitar a palavra da mentira como se fosse verdadeira. Trocou a Palavra de Deus, única autoridade para estabelecer normas para o homem, pela palavra de quem é o pai da mentira. A fé religiosa do homem se tornou falsa e o levou a um ato de fé falsa. O resultado foi a morte ao invés da vida.
Hoje Deus continua sendo o mesmo e continua desejando que a humanidade se salve através da crença nEle e que tenha atos de fé baseados somente nEle. Estabe-leceu um plano de salvação, informou à humanidade e espera que o homem se coloque novamente sob a fé vinda de seu Criador e aja com fé em seu Filho Jesus Cristo. Satanás também continua sendo o mesmo e o será até ser lançado no inferno juntamente com todos aqueles que se deixam enganar por ele e têm fé falsa, distanciada da Palavra de Deus, e por isso agem sem fé verdadeira.

quarta-feira, 31 de março de 2010

DEUS INVISÍVEL TEM UMA IMAGEM

Quando Deus estava para criar o homem disse a alguém: “Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1.26). Deus tinha uma imagem e não estava sozinho na criação. Alguns argumentam que Deus estaria se referindo a uma semelhança interior, da natureza pessoal dEle. Mas não é verdade, pois a expressão hebraica utilizada por Moisés, escritor do livro do Gênesis, foi tselem que significa uma forma, uma figura representativa. Para se compreender bem, a mesma expressão foi utilizada no livro de Daniel para registrar que Nabucodonosor mandou fazer e levantar uma imagem dele (Dn 3.1,2). Deus, espírito, invisível, deixou registrado na Bíblia, desde o princípio, que Ele tem uma imagem, uma forma. Não podemos perguntar o que é esta forma, mas quem é esta forma. O apóstolo Paulo na carta aos Colossenses (1.15) apontou para Jesus Cristo como sendo a imagem do Pai. Não somente Paulo, mas Jesus também apontou para si como sendo a imagem do Deus invisível. Em certa ocasião, quando um de seus apóstolos demonstrou o desejo de que Jesus mostrasse a eles o Pai, Ele disse: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14.9). Não era questão de sentir, de perceber a presença, mas de ver. João, o Batista, dando testemunho a respeito de Jesus, disse: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” (Jo 1.18). O autor da carta aos Hebreus, considerado pelos pais da Igreja como sendo o apóstolo Paulo, discorrendo a respeito do Filho de Deus, disse: “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa...” (Hb 1.3). Desde o princípio da criação o Filho de Deus já era a imagem, a forma visível do Pai, o Deus invisível. O Cristo que veio ao mundo, que recebeu aqui no mundo o nome de Jesus, é a expressa imagem de Deus, encarnada como humano, que voltou à sua forma glorificada e está no trono de Deus, juntamente com o Pai, para todo o sempre.