sábado, 27 de agosto de 2011

A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO E SUAS FUNÇÕES CONFORME OS ENSINAMENTOS DE JESUS

Muita coisa se diz a respeito do Espírito Santo e de suas atuações no ser humano. Tantas coisas são ditas que está se perdendo cada vez mais a visão real da sua pessoa e suas atuações verdadeiras, e se está vivendo entre os cristãos comportamentos místicos e uma religiosidade nunca ensinada pelo Senhor Jesus e que mais se aproximam das religiosidades pagãs animistas.
Há cristãos sinceros enganados e há cristãos nominais vivendo e produzindo cada vez mais o engano que se alastra pelo mundo inteiro.
Como bons e sinceros discípulos de Cristo, que procuramos viver um cristianismo verdadeiro sem as deteriorações produzidas pelos ensinamentos humanos, precisamos ficar firmes, conhecendo o que Jesus ensinou a respeito do Espírito Santo e crendo em seus ensinamentos como verdadeiros e dignos de serem confirmados em nossos corações.  
Nos capítulos 14, 15 e 16 do Evangelho de João encontramos o que o Mestre nos ensina a respeito deste assunto.
1. A DÁDIVA DO ESPÍRITO SANTO FOI UMA CONCESSÃO DE DEUS A PEDIDO DO FILHO DE DEUS – Jo 14.16-18
Durante o período em que o Senhor Jesus esteve no mundo o Espírito Santo não estava com seus discípulos, mas habitava no Filho de Deus. Ele foi gerado pelo Espírito Santo, fazia maravilhas pelo Espírito Santo e foi ressuscitado pelo Espírito Santo (Rm 8:11) porque este era o Seu Espírito. Jesus era o consolador dos seus discípulos, daqueles que entregaram a Ele suas vidas.
As palavras de Jesus não deixam dúvidas de que o Espírito Santo é o Espírito de Deus, mas que é, também, o próprio Espírito de Cristo (conforme o apóstolo Paulo também afirma em Rm 8:9). Ele afirmou que seus discípulos o conheciam porque habitava com eles e estaria neles; afirmou, concluindo sua promessa de envio do outro Consolador, que não deixaria os seus órfãos, mas que voltaria para eles (v. 18).
O Espírito Santo habitava com os discípulos de Jesus porque estava no próprio Jesus, mas o Cristo voltaria para junto do Pai e, a pedido do Filho, o Pai mandaria o Espírito Santo para ser o Consolador dos seus discípulos.
De fato, não há registro algum no Novo Testamento de os discípulos de Jesus ficar a pedir a Deus a dádiva do Espírito Santo como tantos o fazem hoje. Nem mesmo no dia de Pentecostes quando houve a manifestação visível da presença do Espírito Santo entre eles, houve pedido algum. Não haveria uma crença na promessa de Cristo se um discípulo dEle ficasse a pedir o que ele prometeu que o Pai daria a pedido dEle.
Apenas para registrar, a concessão do Espírito Santo aos discípulos de Jesus aconteceu pouco antes dEle subir aos céus, quando assoprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo”. (Jo 20:22). E, também para registrar, o mundo sem Cristo não pode receber o Espírito Santo, porque não o vê, nem o conhece. A falta de conhecimento do Espírito Santo, no sentido de o Espírito estar na pessoa, significa que a pessoa não está em Cristo e não é de Cristo.
2. O ESPÍRITO SANTO AGE COMO CONSOLADOR NO DISCÍPULO DE CRISTO – Jo 14.16.
A palavra utilizada por Jesus e que é traduzida por “Consolador” foi parakletos que tem como significado “ alguém que é chamado, convocado a estar do lado de outra pessoa, alguém que pleitea a causa de outro diante de um juiz, intercessor, conselheiro de defesa, assistente legal, advogado; pessoa que pleitea a causa de outro com alguém, intercessor; no sentido mais amplo, ajudador, amparador, assistente, alguém que presta socorro.
Não existe no Novo Testamento, nem nos ensinamentos de Jesus, a idéia de que o Espírito Santo torna alguém mais poderoso na realização de milagres, ou que o Espírito Santo faz com que uma pessoa seja mais santificada, ou seja um religioso mais fervoroso.
3. O ESPÍRITO SANTO É QUEM PRODUZ A CONVICÇÃO DA VIDA DE COMUNHÃO DE CRISTO COM O PAI, DOS CRENTES COM CRISTO E DE CRISTO COM OS CRENTES – Jo 14.20.
Ou seja, é o Espírito Santo quem produz a fé em Jesus Cristo com vistas a uma vida de comunhão perfeita com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. “A fé é a prova das coisas que não se vêem” (Hb 11.1). Ninguém vê Jesus Cristo com Deus, nem uma pessoa com Cristo e nem Jesus Cristo com uma pessoa. Com a volta de Cristo aos céus isto se tornou impossível, pois Ele está conosco exatamente porque deixou o Espírito Santo conosco (volte a ver João 14.17,18). A comunhão do Deus trino com os crentes em Cristo é uma realidade espiritual e, por isso, só pode ser conhecida através da fé que é produzida pela ação do Espírito Santo na vida do crente.
4. O ESPÍRITO SANTO É QUEM NOS ENSINA TODAS AS COISAS E NOS FAZ LEMBRAR OS ENSINAMENTOS DE CRISTO – Jo 14.26
Nos versículos antecedentes encontramos Jesus ensinando que a palavras que seus discípulos ouviam não era dele, mas do Pai que o enviou. Encontramos, também, Jesus dizendo que dizia isto estando com seus discípulos. Em seguida Jesus diz: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” De acordo com o contexto podemos afirmar que é o Espírito Santo quem nos ensina todas as coisas a respeito da unidade e da palavra única do Pai e do Filho. Também podemos afirmar que é o Espírito Santo quem age em nossa mente fazendo-nos lembrar tudo o que Jesus ensinou.
A ação do Espírito Santo com respeito às palavras e ensinamentos de Jesus é de perfeita unidade. Não se pode conceber que o Espírito Santo ensine ou leve alguma pessoa a fazer algo diferente do que Jesus ensinou.
5. O ESPÍRITO SANTO PROCEDE DO PAI E TESTIFICA DE CRISTO – Jo 15.26
Em mais uma afirmativa de Jesus encontramos a unidade do Espírito Santo com o Pai e com o Filho. As diferenças de pseudo ensinamentos e comportamentos espirituais do que é registrado na Bíblia e, principalmente, nos ensinamentos de Jesus, só servem para constatar que tudo o que difere daquilo que Cristo ensinou não provém de Deus. São falsos ensinamentos, não importa de quem venha. Se é diferente do que Cristo ensinou, não é dele, não faz parte do verdadeiro cristianismo estabelecido por Jesus Cristo.
Se uma pessoa for realmente discípula de Cristo, se for realmente crente no Filho de Deus, será sempre usada pelo Espírito Santo para testificar do Cristo vivo, que veio ao mundo, morreu para nos salvar dos nossos pecados, ressuscitou, está na presença do Pai e voltará para julgar a humanidade.
6. O ESPÍRITO SANTO É QUEM CONVENCE O MUNDO DO PECADO, DA JUSTIÇA E DO JUÍZO – Jo 16.8-13
Não há evangelho de Jesus Cristo sem o reconhecimento do pecado, sem o reconhecimento da justiça de Deus e sem o reconhecimento de que há um juízo divino que é exercido sobre a humanidade e todos os seres que se rebelam contra Ele.
Sem reconhecimento de pecado não pode haver arrependimento, sem reconhecimento da justiça de Deus não há reconhecimento de que Jesus Cristo é o Redentor enviado por Deus e que em se crendo nEle os pecados são perdoados, e sem reconhecimento do juízo de Deus, inclusive com o destino final de condenação do príncipe deste mundo, Satanás, não há temor quanto ao castigo eterno.
O evangelho de Jesus Cristo tem como essência estes três elementos para que uma pessoa possa receber a mensagem de salvação e, se crer se entregar a Jesus Cristo como Salvador. Mas, quem age na pessoa convencendo de verdades espirituais tão profundas e praticamente inatingíveis para nós que estamos neste mundo tão imerso na incredulidade? Homens com os recursos mais avançados de convencimento nunca conseguiriam isto. O marketing tão avançado na técnica de convencimento das coisas mais absurdas e inimagináveis, não consegue isto. Somente o Espírito Santo, o Espírito da verdade, que é perfeitamente capaz e quer nos guiar por toda a verdade de Deus.
7. O ESPÍRITO SANTO GLORIFICA A JESUS CRISTO – Jo 16.14
Nunca encontramos na Bíblia o Espírito Santo se auto-glorificando, nem glorificando a pessoas, mas sempre agindo em glorificação a Jesus Cristo. E a glorificação de Cristo consiste na anunciação do que recebeu dEle. Anunciação do evangelho da salvação, anunciação dos ensinamentos e mandamentos de Cristo. Anunciação da obra redentora de Jesus Cristo.
CONCLUINDO
Uma pessoa cheia do Espírito Santo será sempre um crente em Jesus Cristo, uma pessoa que reconheceu o seu pecado, se arrependeu e se entregou a Cristo como seu Salvador. Uma pessoa cheia do Espírito Santo é sempre consolada pelo Espírito de Cristo que habita nela. Uma pessoa que tem o Espírito Santo o tem porque recebeu gratuitamente da parte do Pai, a pedido de Jesus Cristo e não pode se ensoberbecer por causa disso. Uma pessoa cheia do Espírito Santo dá valor aos ensinamentos de Deus, aos ensinamentos de Cristo e seus apóstolos encontrados na Bíblia, a Palavra de Deus escrita. Quando mais houver plenitude do Espírito Santo mais fidelidade à Bíblia haverá, mais testemunho de Jesus Cristo, mais convicção da existência do pecado, da justiça de Deus e do juízo final e, consequentemente, mais desejo de viver sem pecados, mais submissão à justiça divina e mais temor a Deus que é o Senhor de todas as coisas.
O que passa dos ensinamentos de Jesus a respeito do Espírito Santo é resultado de mentes humanas sem regeneração, sem a salvação de Jesus Cristo. Mentes que arrastam outras para a mesma perdição a que estão destinadas.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A abominação da desolação no lugar santo, o último sinal do final dos tempos


Comentário sobre Mateus 24:15

Pr. Dinelcir de Souza Lima

Após anunciar a destruição do Templo em Jerusalém, por causa de uma pergunta dos seus discípulos a respeito de qual seria o sinal que haveria da vinda dele e do fim do mundo (24:3), Jesus passou a registrar vários acontecimentos e situações que precederiam a sua volta.
O último sinal a que se referiu foi à abominação da desolação dita pelo profeta Daniel no lugar santo, e deixou como que um enigma: “quem lê, entenda.”
Comentaristas insistem em afirmar que o profeta Daniel, em Dn 9:27; 11.31; 12.11, estaria se referindo à destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C pelos romanos e que, portanto, Jesus também estaria se referindo ao mesmo fato.
No entanto, para assumir esta interpretação, simplesmente ignoram alguns aspectos do contexto das palavras de Jesus, tais como:

1. A referência à abominação da desolação estar no lugar santo faz parte da resposta de Jesus aos seus discípulos a respeito da volta dele e do fim do mundo. Não faz parte do contexto a respeito da destruição do templo de Jerusalém.
2. A referência à abominação no lugar santo faz parte de um crescendo apontado por Jesus em direção ao engano religioso dentro do cristianismo (v. 5, 10, 11, 12)
3. Jesus fez referência a uma grande aflição como nunca houve e como nunca haverá, que será subseqüente à abominação no lugar santo (v. 21-23).
4. Jesus profetizou que logo após a grande aflição virá o fim (v. 29). Se estivesse fazendo referência à destruição de Jerusalém, do Templo e ao grande sofrimento do povo judeu  que aconteceu sob o impacto dos exércitos romanos, então o fim do mundo já teria acontecido ou então Jesus teria errado em sua profecia. Além disso, apesar de o povo judeu ter sofrido tanto naquela ocasião, já houve sofrimentos no mundo muito maiores que aqueles, até mesmo para o povo judeu, como o holocausto na Segunda Guerra Mundial, por exemplo.
E a que Jesus estaria se referindo para dizer quem lê entenda?
Certamente não estaria se referindo a Daniel 9:27 porque, realmente a interpretação melhor deste texto é a destruição de Jerusalém.
Também não estaria se referindo a Daniel 11:31 e 12:11 porque o profeta fala a respeito da retirada do sacrifício contínuo como se fosse o estabelecimento da abominação desoladora. No entanto o sacrifício no templo foi abolido pelo próprio Senhor Jesus na sua morte.
Temos que compreender as palavras de Jesus à luz do contexto dos seus próprios ensinamentos e à luz dos ensinamentos dos seus apóstolos no Novo Testamento. O final acontecerá no período do Novo Concerto.
Jesus disse que a abominação seria visível. Não no sentido literal, porém no sentido da percepção através do exame, do conhecimento.
A expressão grega que é traduzida por abominação, ou abominável, ébdelugma , referente a “uma coisa suja, horrível, destestável”, referindo-se a “ídolos e coisas pertencentes a idolatria” (Strong, James.  Léxico Hebraico, Aramaido e Grego de Strong, Sociedade Bíblica do Brasil, 2002, 2005, S.G 946). Isto significa que Jesus, então, não estaria se referindo a um cerco militar literal, nem a uma abominação por estrangeiros ou inimigos interrompendo o sacrifício, nem destruindo o lugar santo do Templo onde havia o sacrifício contínuo, mas estaria se referindo aos exércitos da iniqüidade, da idolatria e, consequentemente, da adoração falsa e do cristianismo falso no lugar santo.
Isto é confirmado pelas palavras do profeta Daniel, encontradas em Dn 9.5-16, em que descreve a abominação cometida pelo povo de Deus contra Ele, fazendo referência à iniqüidade estabelecida em Jerusalém.
Nas palavras de Daniel encontramos: cometimento de iniqüidade, procedimento ímpio, separação dos mandamentos e juízos de Deus, indiferença aos profetas de Deus, prevaricação, rebeldia contra Deus, desobediência à voz de Deus, falta de conversão a Deus, prática de atos ímpios. E encontramos, também, o pedido para Deus afastar a ira e o furor dEle da cidade de Jerusalém, do santo monte dEle.
Creio firmemente que Jesus estava se referindo a todas estas coisas sujas, horríveis, detestáveis para Deus que estaremos vendo no lugar santo na precedência imediata da volta dEle e do fim do mundo.
Mas, ficou algo para compreendermos ainda: E, o que seria o lugar santo? Certamente não seria o lugar de sacrifícios no templo de Jerusalém. Como já dissemos, o sacrifício de Jesus aboliu qualquer outro tipo de sacrifício e, apesar de alguns defenderem a idéia, o culto sacrificial nunca será restaurado por Deus porque estaria inutilizando o sacrifício do Filho dEle e estaria retornando ao que era provisório e ficou envelhecido com o que é definitivo.
O lugar santo, a Jerusalém no Novo Concerto é a igreja de Cristo. É a igreja de Cristo que descerá do céu como a nova Jerusalém, como noiva gloriosa, ataviada para o seu esposo, Jesus Cristo. É a igreja de Cristo que é santa, separada do mundo, consagrada para Deus através do sangue do Cordeiro, Jesus Cristo.
O que Jesus estava dizendo é que, quando fosse percebido, visto, as igrejas dEle cometendo iniqüidades, procedendo impiamente, deixando os mandamentos e juízos de Deus, indiferentes às Escrituras, desobedientes à voz de Deus, formada por pessoas que não se importam em se converter a Deus, copiando adorações falsas e idolátricas, então virá o fim. E isto já está sendo visto.