sexta-feira, 14 de março de 2014

O DÉCIMO SEGUNDO APÓSTOLO

Quem teria sido o décimo segundo apóstolo de fato, Matias ou Paulo? Há os que defendem e ensinam que Matias foi o discípulo que ocupou o lugar de Judas. Baseiam-se no texto de Atos 1:15-26, e ficam a estabelecer raciocínios para não descartar o apostolado de Paulo. Um dos argumentos é o de que Paulo teria sido apóstolo somente para os gentios.
No entanto a crença que Matias seria o décimo segundo apóstolo gera muitas dificuldades quanto a realidades do apostolado e, até mesmo, quanto a aspectos teológicos e doutrinários. Enumero abaixo alguns questionamentos.
1. A escolha de Matias foi uma iniciativa de Pedro (v. 15-20). Apesar de citar as Escrituras a respeito da necessidade de outro tomar o bispado de Judas, tomou para si a prerrogativa de fazer daquele tempo o momento da escolha. É necessário lembrarmo-nos que os apóstolos eram de Jesus Cristo e que foi ele próprio quem os escolheu (Marcos 3.14).
2. Os critérios de escolha foram estabelecidos por Pedro (v. 21,22). Ninguém sabe quais critérios o Senhor Jesus estabeleceu para, dentre seus discípulos, escolher doze homens e ele próprio os chamar de apóstolos. Além disso, Pedro estabeleceu a necessidade de uma pessoa ser escolhida com a finalidade de ser, juntamente com os outros apóstolos, testemunha da ressurreição de Jesus. Mas, quando escolheu os doze, o Senhor os nomeou para “estar com ele e os mandasse a pregar; e para que tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios”. Um apóstolo de Jesus não era apenas uma testemunha da ressurreição dele.
3. O meio de receber a resposta da oração dirigida ao Senhor foi escolhido pelos discípulos (v. 24-26). Lucas não registra quem tomou a iniciativa de lançar sortes, mas certamente não foi o Senhor Jesus. A iniciativa de Pedro era precipitada e a iniciativa para receber a resposta também o foi. Estava fora do padrão de oração ensinada pelo Mestre: “seja feita a tua vontade e não a nossa”.
4. Crer que a iniciativa de Pedro foi acertada corrobora com a crença da Igreja Católica de que Ele foi o primaz entre os apóstolos e que tomou o lugar de Cristo na terra. Ou seja, corrobora com a crença de que a Igreja de Cristo teve um Papa e que outros, através dos tempos, seriam seus sucessores como representantes diretos de Cristo no mundo.
5. Crer que Matias teria sido o décimo segundo apóstolo cria dificuldades em se compreender o texto de Apocalipse 21:14. “A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.” O texto limita o número de apóstolos a doze. Coloca-os como fundamentos da muralha da cidade celestial. Qual o nome que sobraria, o de Paulo ou o de Matias? Um deles está de fora.
6. Crer que Matias teria sido o décimo segundo apóstolo desmerece todos os ensinamentos de Paulo como sendo de um apóstolo de Cristo.  O Novo Testamento está repleto de palavras do apóstolo Paulo que nos explicam o evangelho de Jesus Cristo. As igrejas de Cristo durante séculos se firmaram em seus ensinamentos. A Teologia Moderna tenta de todas as maneiras tirar o mérito dos ensinamentos dele como sendo inspirados por Deus. Hoje já se fala na “Teologia Paulina” como se fosse algo diferente e conflitante com os ensinamentos de Cristo. Crer que ele não foi o décimo segundo apóstolo de Cristo é colaborar com os adeptos da Teologia Liberal, cuja principal crença é a de que a Bíblia não é a Palavra de Deus.

Finalizando, eu creio que Paulo foi o apóstolo de Cristo. Sua chamada foi realizada pelo próprio Senhor Jesus (Atos 9:1-18), e ele próprio testifica isso em suas cartas, como, por exemplo, em Romanos 1:1 onde lemos: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus.” Ele não foi somente apóstolo aos gentios. Sempre pregou o evangelho aos judeus, apesar de sempre ser perseguido por eles. Escreveu cartas a crentes judeus e gentios porque cria que há um só povo de Deus, os crentes em Jesus Cristo, o Filho de Deus.

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