Existem muitos conceitos teológicos que são produto da mente humana mas que são aparentemente baseados em conceitos bíblicos. Um deles é o chamado "Sacerdócio Universal do Crente". A expressão é bonita, busca referencial no texto da Bíblia, mas esconde algumas heresias. Uma delas é que o crente é responsável pelo bem estar físico e social do seu semelhante. Talvez seja a mais forte delas. Quando solta em uma frase de impacto durante uma pregação soa retumbante nos corações e logo ouvintes ávidos por fazer a vontade de Deus saem a campo e se lançam em um frenesi estafante para cuidar de semelhantes que muitas vezes não estão nem aí para Deus e que muitas vezes estão se exaurindo em atividades idolátricas, orgíacas, imorais. É o caso daqueles que saem a campo para cuidar dos foliões carnavalescos e para dar suporte a romeiros que sucumbem nos seus sacrifícios de idolatria. Cuidar dos idólatras e dos amantes das orgias se transformou em obrigação sacerdotal do crente. Pura armadilha do inimigo porque um sacerdote de Deus nunca teve por incumbência cuidar da saúde de povos pagãos, muito menos enquanto praticavam seus cultos idolátricos e orgíacos.
Na realidade o sacerdócio do crente é apontado pelo apóstolo Pedro sob dois aspectos e somente dois. O primeiro está no campo pessoal. Somos sacerdotes de nós mesmos, no sentido de podermos prestar culto diretamente a Deus, através de Jesus Cristo, sem intermediário algum. É o que o apóstolo diz em 1Pedro 2:4,5: "Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo." Os sacrifícios eram prestados pelos sacerdotes e eram materiais; precisavam ser agradáveis a Deus para que fosse aceito por Ele; o mediador era o próprio animal sacrificado que figurava o Messias. Hoje o culto é espiritual, mas precisa ser agradável a Deus e é realizado pela mediação do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. Quando cultuamos a Deus através de Jesus Cristo, exercemos o sacerdócio que nos foi delegado.
O segundo aspecto do sacerdócio do crente está no sentido da intermediação entre pessoas e Deus. Não como era a função do sacerdote de Israel, que recebia do povo o animal a ser sacrificado e o apresentava a Deus, como um mediador aparentemente direto, mas em uma intermediação indireta, como veículos de uma mensagem que leva ao perfeito e único Mediador, Jesus Cristo. Observe-se as palavras do apóstolo em 1Pedro 2:9: "Vós, porém, sois nação eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz." O crente faz parte do povo de Deus e exerce um sacerdócio real com a finalidade de proclamar, pregar, anunciar, as virtudes do nosso Salvador, Jesus Cristo. Ou seja, exercemos um sacerdócio mediador no sentido de veicularmos a mensagem que pode levar o homem a Cristo que, por sua vez, é o único que pode levar o homem a Deus.
Estes, e somente estes, são os aspectos do nosso sacerdócio como crentes em Jesus Cristo.
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