terça-feira, 30 de setembro de 2014

O QUE É O INFERNO

Para sabermos o que é o inferno é necessário que nos esvaziemos de todos os conceitos humanos que, de alguma maneira, vieram até nós e ficaram em nossas mentes. Alguns dos conceitos mais comuns são: “O inferno é aqui mesmo”; “o inferno é um estado de espírito”; “o inferno é o isolamento completo”; “o inferno é a falta de Deus”; “o inferno não existe e é apenas uma figura de linguagem”; “o inferno é a extinção da alma”. Tais conceitos nem sempre estão isolados em pensamentos de algumas pessoas individualmente, porém alguns fazem parte de doutrinas religiosas e, algumas, que se dizem cristãs. Por isso estão cada vez mais penetrando igrejas batistas e arregimentando muitos adeptos que, por sua vez, as propagam, minando cada vez mais a nossa fé em Jesus Cristo. Digo isto porque se não crermos em algo que Jesus ensinou, fatalmente entramos pelo caminho da incredulidade em suas palavras.
Vejamos, então, o que Ele ensinou a respeito do que seja o inferno.
O INFERNO É UM LUGAR
O Senhor Jesus deixou muito claro que o inferno é um lugar. Na parábola do rico e Lázaro, o rico é encontrado em um lugar (Lucas 16:23), inclusive tendo a visão de outro lugar ao longe, onde estava Lázaro. É um lugar onde pessoas são lançadas (Mateus 18:9). Jesus nunca ensinou que o inferno é um estado de espírito, nem sofrimentos pelos quais as pessoas passam já neste mundo, porém que é um lugar.

1. É um lugar que foi preparado para o diabo e seus anjos – Mat 25:41. O inferno não foi preparado para o ser humano. Quando Deus fez o homem fez para que vivesse eternamente. O pecado tornou o ser humano semelhante ao diabo, no sentido da soberba, do desprezo à palavra de Deus e da condenação ao sofrimento eterno. Por isso, ao passar pela morte, o ser humano é lançado no inferno.
2. É um lugar de muito sofrimento – Interessante pessoas brincarem com a realidade do inferno, ou não se importarem com a possibilidade de irem para o inferno. Jesus sempre ensinou que é um lugar de sofrimento eterno. Observe-se, por exemplo:
a) Há fogo eterno no inferno, um fogo que nunca se apaga (Mat 5:22; Marcos 9:45: Mat 25:41). O ensinamento de Jesus é literal. Ele fala de fogo mesmo, de fogo que queima e não há como relativizar o que Ele definiu.
b) Há sofrimento para a alma e para o corpo (Mat 10:28). Esta palavra de Jesus demonstra que o sofrimento não é somente da alma, porém que é um sofrimento físico também. Além disso, demonstra que é um lugar onde o ser humano é lançado em sua formação completa, corpo e alma.
c) Há tormento – Lc 16:23,24,25. No versículo 23 a palavra grega utilizada é basanos que significa ser torturado, porquanto originalmente se referia a um instrumento de tortura; nos versículos 24 e 25, a palavra grega utilizada é odunao, que faz referência a dor intensa, extrema agonia. Isto significa que o fogo é literal e, como é natural do fogo, causa tortura, dor intensa, extrema agonia. O tormento no inferno é tão grande que muitas vezes, no Novo Testamento, é chamado de geena, uma denominação do vale de Hinon, lugar onde o povo de Deus havia construído altares a Moloque, deus pagão, e onde queimavam seus filhos, lançando seus corpos queimados no fundo do vale, e onde, também, o povo passou a jogar tudo quanto era espécie de lixo, inclusive corpos de animais mortos.
3. O inferno é o lugar da segunda morte. Em Apocalipse 21:8 lemos: “Mas, quanto aos medrosos, aos incrédulos, e aos imundos, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte.” É o lugar onde as pessoas sofrem as agonias da morte por toda a eternidade, onde são encerradas, nos lugares mais profundos do universo, por toda a eternidade. E os que enfrentam a segunda morte são aqueles que não são purificados dos seus pecados, nem regenerados para uma nova vida em Cristo. Ou seja, aqueles que não creram em Jesus Cristo como o Salvador, o Filho de Deus que concede a vida eterna. Não creram porque foram medrosos, ou porque não colocaram a sua fé em Jesus Cristo, impedidos por escolherem continuar com a natureza de pecado, tendo prazer nos sentimentos ou nas práticas pecaminosas.
4. O inferno é um lugar sem saída. Em Lucas 16:26 lemos o ensinamento de Jesus: “E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá.” O ser humano criou uma fantasia religiosa pensando que há possibilidade de alguém sair do inferno e ir para o céu. Porém Jesus ensinou que isso é impossível. Uma vez lançado no inferno, encerrado no inferno para sempre. Não há possibilidade de absolvição para quem foi lançado no inferno. Se alguém desejar ser absolvido, tem que ser enquanto está vivo, enquanto não enfrenta a primeira morte, através do reconhecimento de pecado, do arrependimento e da entrega de vida a Jesus Cristo como único Salvador.
O INFERNO É POVOADO POR PESSOAS QUE NÃO CRÊEM EM JESUS CRISTO
Em João 3:18 Jesus declara que quem não crê no Filho já está condenado. Em Mateus 25:41 ensina que os condenados são enviados para o fogo eterno, para o inferno; e, em Mateus 23:33 exclamou aos que o rejeitavam: “Serpentes, raças de víboras, como escapareis da condenação do inferno?”  Isto significa que os que não creem em Jesus Cristo como Salvador são as pessoas que povoam o inferno. Não há crentes em Cristo no inferno, porque os que creem nEle não são condenados. Não há como se pensar que o inferno é um lugar comum, para onde vão tanto crentes quanto não crentes em Jesus Cristo.
É UM LUGAR EM QUE PESSOAS SÃO LANÇADAS POR DEUS
       Quase que naturalmente podemos pensar que o diabo é quem lança pessoas no inferno. Não é. A Bíblia não ensina assim. Ele influencia, tenta, trabalha para que pessoas percam seus padrões morais, acima de tudo, para que não cheguem à fé em Jesus Cristo como Salvador. Porém, quem lança no inferno é o próprio Deus. Quando lemos somente o texto de Lucas 12:4,5 temos a impressão de que Jesus estava falando a respeito do diabo. No entanto, quando lemos “Ao som da sua queda, fiz tremer as nações, quando o fiz descer ao inferno com os que descem à cova...” em Ezequiel 31:16, e “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo”. No final de todas as coisas, no juízo final, o diabo será lançado no inferno, e será Cristo quem fará isso, aquele que tem a chave do inferno (Apoc 1:18).
CONCLUSÃO
Não sabemos onde, mas o inferno é um lugar que é o oposto do céu. O céu é maravilhoso, o inferno é horrível; no céu há paz perfeita, no inferno há sofrimento eterno; no céu há consolações, no inferno há tormentos; no céu há a presença de Deus e de seu Filho Jesus Cristo, no inferno haverá a presença do diabo e seus anjos; no céu os salvos estão e estarão com o Salvador, no inferno os condenados estão e estarão com o tentador.
Certamente que é de bom senso escolher ir para o céu e nunca ir para o inferno. É de bom senso entregar a vida a Jesus Cristo, aquele que leva para o céu e rejeitar completamente as influências do tentador e a vida de pecado que é inerente a todos aqueles que não são regenerados por Jesus Cristo.

domingo, 21 de setembro de 2014

O QUE É O CÉU?

Muita coisa tem sido dita a respeito do que seja o céu e o inferno, como, por exemplo, que céu é somente um estado de espírito, que seria o último estágio de desenvolvimento espiritual do ser humano, ou que o céu será aqui mesmo em uma terra transformada, ou que o céu não existe, ou, ainda, que o céu é o universo e que os que vão para o céu passam a habitar em outros planetas. Quanto ao inferno, que seria aqui mesmo, ou que seria um tormento espiritual, ou que seria o tormento de arrependimento eterno sem possibilidade de escapar do sentimento de culpa, ou que seria um lugar de isolamento pessoal sem a convivência com outras pessoas. Há os que dizem que no inferno não existe o tormento das chamas eternas e há os que dizem que o inferno não existe, que morrendo uma pessoa, simplesmente deixa de existir.
No entanto, todos os pensamentos a respeito do que seja céu e inferno são de origem humana, de pessoas como nós, que, por estarem vivas, não podem saber de fato como seria o céu ou o inferno. Há os que dizem que já foram ao inferno e voltaram, ou os que dizem ter tido visões do céu, mas já vimos no estudo anterior que o céu e o inferno são lugares definitivos, que não há intercâmbio entre a realidade dos vivos e as realidades dos que já morreram.
Precisamos, então, estudar o que a Bíblia nos ensina a respeito, principalmente o que o Senhor Jesus deixou ensinado para nós, porquanto Ele é o Filho de Deus, é o único que veio do céu e voltou para o céu, é aquele em quem foram criadas todas as coisas, é o agente de toda a criação (João 3:13; João 1:3; Colossenses 1:16)
1. O céu é um lugar

Jesus se referiu ao céu e ao inferno através de várias expressões, como vimos no estudo anterior. Mas, também, sempre se referiu como sendo lugares para onde pessoas são levadas ou se encontram após a morte. Pessoas completas, com corpo e alma (sobre isto estudaremos mais adiante). Por exemplo, ao ensinar sobre a necessidade do novo nascimento (João 3:5), disse a Nicodemos: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.” Ainda na sua palavra a Nicodemos (João 3:13), disse:  “Ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.” E, na parábola do rico e Lázaro (Lucas 16:22) Jesus disse que quando Lázaro morreu foi levado para o seio de Abraão. Na revelação do Apocalipse a João encontramos o Senhor Jesus Cristo convidando João a subir e entrar pela porta no céu para que visse o que o Senhor lhe mostraria (Apocalipse 4:1). Em Marcos 13:32 encontramos Jesus falando a respeito do dia do juízo final e afirmando que nem mesmo os anjos que estão no céu sabem daquele dia e hora. Voltando a Apocalipse 4, vamos encontrar a visão de João, arrebatado em espírito ao céu, vislumbrando o trono de Deus, o Cordeiro de Deus, a multidão dos salvos e tantas outras coisas. Conforme os ensinamentos bíblicos e, principalmente, os ensinamentos de Jesus, não há dúvida de que o céu é um lugar.
2. O céu é o lugar onde Deus está
A onipresença de Deus não é uma presença universal constante e obrigatória, porém a capacidade e o poder de estar em qualquer tempo nos lugares onde desejar estar. Pensar que Deus está em todos os lugares, em todos os seres, como se Ele habitasse na sua própria criação universal, é dar lugar a uma doutrina chamada panteísmo que, inclusive, abarca o naturismo. A tendência atual de se adorar a natureza é originária do pensamento panteísta.
Deus tem o seu lugar de onde governa todo o universo e este lugar é o céu. Em Isaías 66:1 lemos: “Assim diz o Senhor: o céu é o meu trono...” Em Mateus 23:22 lemos de Jesus ensinando: “E o que jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que está assentado nele.” Alguns dizem que é uma referência figurada, porquanto a expressão utilizada em grego e traduzida por “céu” é ouranos cujo significado seria o espaço arqueado do firmamento onde estão as nuvens, ou a atmosfera que nos é visível, ou, ainda, o universo. No entanto percebemos claramente que Jesus se refere ao céu como o firmamento em alguns ensinamentos (p.ex em Mat 24:30 e 35 e outros), mas, também, se refere ao céu com um lugar onde Deus está e de onde governa todas as coisas. Jesus tinha tanta convicção da presença do Pai no céu que ao orar, levantava seus olhos ao céu (ver p.ex João 17:1). Quando uma pessoa deixa este mundo e vai para o céu, vai para o mesmo lugar onde Deus está; daí ter que ser uma pessoa regenerada, perdoada e purificada de seus pecados, temente a Deus, que ame o Filho de Deus.
3. O céu é o lugar onde o Filho de Deus está.
Antes de morrer e ressuscitar, Jesus afirmou que ia para o Pai (João 16:16); em Marcos 14:62 lemos de Jesus afirmando que viria do céu juntamente com o Pai. Voltando a João 3:13, encontramos Jesus afirmando que está no céu; e o apóstolo Pedro declarou: “o qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu (1Pedro 3:22). O Senhor Jesus Cristo ressuscitou e subiu ao céu, retornando para o Pai, assentando-se à destra do trono de Deus.
4. O céu é o lugar onde os salvos estão
Aqui chegamos ao ponto principal de discussões entre segmentos de grupos religiosos que se denominam cristãos. No estudo anterior mostramos que os que morrem vão diretamente para o céu ou para o inferno. No entanto, surgem diversas opiniões a respeito de quando os salvos vão para o céu e qual o estado físico e espiritual de permanência no céu. Encontramos ensinamentos claros e outros subtendidos na Bíblia.
a) Os salvos estão conscientes. Não estão dormindo, em uma espécie de estado de catalepsia. Em Apocalipse 15:3 lemos dos salvos cantando um cântico específico e conhecido, o cântico de Moisés e, também, o cântico do Cordeiro, e, ainda, diziam das grandes e maravilhosas obras de Deus. No episódio da transfiguração de Jesus (Lucas 9:30) encontramos Elias e Moisés conversando com Jesus a respeito das coisas futuras que aconteceriam com o Senhor.
b) Os salvos estão como seres completos. O ser humano é composto de corpo e alma, de uma parte material e outra espiritual. Há os que pensam e ensinam que somente o espírito do salvo vai para o céu, ficando aguardando o dia da ressurreição final quando, então, receberia o seu corpo glorificado e retornaria para o céu com um ser completo. Na realidade a Bíblia não ensina assim. Esta ideia tem fundamento em uma interpretação errada do que seria a ressurreição final, e isto é algo que discutiremos em um de nossos estudos futuros. Quando o crente morre o seu corpo terreno perde a vida, se corrompe e volta a ser pó. Foi gerado aqui e fica aqui. Mas, o seu espírito que foi dado por Deus, volta para Deus porém, com um corpo glorificado. O corpo glorificado, ou o corpo celestial (como afirma existir o apóstolo Paulo em 1Cor 15:40) é recebido no momento seguinte à morte. Este pensamento é baseado em textos bíblicos que mostram salvos sendo vistos no céu ou, no caso da transfiguração, em uma realidade celestial. Podemos utilizar alguns textos que já utilizamos até agora, tais como as visões dos salvos no céu no livro do Apocalipse.
E, em que nos baseamos para afirmarmos que se os salvos são vistos é porque já têm corpos glorificados? No fato de que espíritos não têm forma e, por isso, não são visíveis, nem palpáveis. Esta é, inclusive, uma afirmação do Senhor Jesus aos seus discípulos (Lucas 24:39). O dito de que espíritos são visíveis é superstição, é pensamento humano.
Alguns argumentam que os salvos só receberão seus corpos quando Cristo voltar e, então, ressuscitarem. No entanto, como veremos em estudo adiante, no dia que Cristo voltar os salvos ressurgirão com Ele, o que é diferente de ressuscitar.
c) Os salvos estão em paz perfeita. Sem qualquer tipo de sofrimento, gozam da paz perfeita. Não há dor no céu. Nem lágrimas, nem pranto, nem clamor, nem morte. Isto significa paz (Apoc 21:4).
d) Os salvos estão em um lugar perfeito. Perfeito no sentido moral, perfeito no sentido religioso, perfeito no sentido físico. No céu só entram os que foram purificados de seus pecados. Não entram os impuros (cães), os feiticeiros, os fornicadores, os homicidas, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira (Apoc 22:15).
CONCLUINDO
1. Deixar de crer no céu é deixar de crer no que Jesus Cristo ensinou e, ao mesmo tempo, é deixar de ter fé. Se a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, como teremos fé se não tivermos esperança? Fé somente para as coisas deste mundo? Isto nos faria os mais miseráveis dos homens (1Coríntios 15:19). É exatamente por isso que Satanás procura enganar a humanidade, inclusive os crentes, a respeito do que seja o céu. E isto ele faz utilizando muitos argumentos.
2. Sendo o céu o lugar onde Deus está, temos uma antevisão de quão maravilhoso é e de quanto poder há neste lugar. Um lugar onde está o trono de Deus, de seu Filho e onde todas as maravilhas que fazem parte da natureza de Deus e são originadas dEle estão presentes.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O JEJUM

Pr Dinelcir de Souza Lima

Nos dias atuais tem sido dada uma ênfase muito grande entre os chamados evangélicos a um comportamento religioso que se convencionou chamar de jejum. A prática tornou-se motivo de proclamações em púlpitos ou de palestras pessoais e de anúncios em grandes veículos de comunicação que incentivam e conclamam pessoas a dedicarem noites, dias, semanas ou metades de dias ao jejum, sempre sendo apontado como um excelente meio de crescimento espiritual, conquista de poder pessoal e benefícios divinos. Ultimamente tem sido divulgado até como se fosse eficiente para a salvação de povos e sociedades de um modo geral. Tornou-se comum encontrarmos pessoas se vangloriando de serem muito espirituais e, até mesmo mais espirituais que outras pessoas, por praticarem sistematicamente o jejum. A prática deste tipo de sacrifício pessoal se tornou quase que uma obrigação para quem deseja alcançar algum tipo de bênção.
No entanto, seria mesmo uma verdade bíblica que o jejum nos possibilita maior espiritualidade, que nos torna mais santos, ou que faz com que Deus ouça melhor nossas orações? Ficar sem ingerir alimentos daria ao servo de Cristo maior poder espiritual? Os cristãos deveriam incentivar tais costumes criando grandes movimentos de jejum nas igrejas? São questões que podem e precisam ser discutidas e esclarecidas à luz dos ensinamentos de Jesus, que é o autor da nossa salvação e o nosso Senhor, e à luz de todo o contexto bíblico.

domingo, 23 de março de 2014

A FAMÍLIA E A IGREJA

Pr. Dinelcir de Souza Lima
Sempre encontramos na Bíblia uma estreita relação entre famílias e povo de Deus e é relativamente fácil compreendermos a razão disso: Deus instituiu a família como primeira célula da sociedade humana; a igreja é composta de seres humanos (regenerados, porém humanos) logo a igreja é composta, em sua grande parte, de famílias.
Neste estudo não vamos nos prender a exemplos de laços familiares com a formação do povo de Deus no Antigo Testamento, porquanto alguém poderia argumentar que naquele tempo ainda não existia a igreja de Cristo. Por isso vamos nos deter em exemplos e ensinamentos contidos somente no Novo Testamento.
 JESUS CRISTO PRESTIGIOU A FAMÍLIA
Jesus é o Senhor da igreja. Ele prestigiou a família durante o seu ministério no mundo através de atos e ensinamentos que são irrefutáveis. Enumeramos alguns.
1. Jesus nasceu no seio de uma família. Às vezes fico a pensar em como Deus poderia ter enviado Jesus fazendo com que ele nascesse de uma jovem solteira, já que não nasceu através da fecundação natural entre a semente do homem e a da mulher. Não houve a participação de José na geração de Jesus em Maria. Ele foi gerado pelo Espírito Santo. No entanto Deus o colocou em uma família e ele era perfeitamente identificado com a sua família (Mr 3.32; Lc 4.22; Jo 1.45; 6.42). Se Jesus nascesse de uma jovem solteira nunca seria benquisto na sociedade judia. Seria olhado como alguém que teria nascido em situação irregular, perante Deus e a sociedade. No entanto, Deus valorizou a família ao fazer Jesus nascer e crescer no seio de uma família. Valorizou o que ele próprio instituiu. Se Jesus nasceu e cresceu dentro de uma família, fica difícil compreender uma pessoa que se diga cristã, que seja membro de uma igreja de Cristo, que não valorize essa instituição divina, primordial para o crescimento espiritual e social, e é fácil compreender que precisamos valorizá-la, envidando todos os esforços para preservá-la.
2. Jesus praticou atos que valorizaram as famílias. Os quatro Evangelhos registram seus atos, sendo que o primeiro registro que temos é o de quando ficou em Jerusalém, ainda menino, discutindo no templo com os doutores da Lei. Convocado pelos pais para retornar para casa com eles, após argumentar que era necessário cuidar dos negócios do Pai celestial, poderia ter dito que continuaria ali. Porém, deixou de lado o que estava fazendo e os obedeceu, seguindo-os de volta (Lc 2.40-51). Outros exemplos são a sua participação nas festividades de um casamento, onde realizou o seu primeiro milagre (Jo 2.1-12); a frequência à casa de uma família que era sua amiga, a de Lázaro (Lc 10.38; Jo 11.5); a frequência à casa de Pedro, em uma das ocasiões curando a sogra dele (Lc 4.38); o da ressurreição do único filho da viúva de Naim, restituindo àquela mulher o bem mais precioso que possuía; e, estando à morte na cruz, se preocupou em deixar sua mãe com um filho que cuidasse dela, passando sua filiação a João (Jo 19.26,27).
3. Jesus deixou ensinamentos preciosos a respeito de laços familiares. No seu discurso que ficou conhecido como “O Sermão da Montanha”, proferido logo no início do seu ministério, Jesus deixou ensinamentos claros a respeito da convivência dos cônjuges (Mt 5.31,32); em outra ocasião, criticou os fariseus porque não honravam a seus pais através do sustento, encontrando desculpas religiosas (Mr 7.9-13); e proferiu, novamente, ensinamentos a respeito do relacionamento conjugal (Mt 19.3-12).
É fácil assimilarmos a verdade de que se aquele que é a cabeça da igreja prestigiou tanto a família, é lógico que seu corpo, a igreja, também prestigie.
A IGREJA NASCEU E CRESCEU EM AMBIENTES FAMILIARES
Os Evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos registram alguns acontecimentos que mostram como a igreja de Cristo nasceu e cresceu em ambientes familiares, dos quais destaco alguns.
1. Lucas 22.7-14 (e textos sinóticos), onde está registrada a instituição da Ceia pelo Senhor Jesus Cristo, como um memorial do Novo Testamento , em um cenáculo (que era o terraço superior de uma casa) emprestado por um chefe de família.
2. Atos 1.13,14. Mostra os discípulos de Jesus, logo após a sua subida aos céus, reunidos também em um cenáculo, onde perseveravam congregados, unânimes, em oração. Provavelmente tenha sido naquele lugar que aconteceu a manifestação do Espírito Santo, registrada em Atos 2.1-4, anunciada por Jesus como sendo o batismo do Espírito Santo para a sua igreja.
3. Atos 16.13-15. Narra a conversão, na cidade de Filipos, de uma mulher com toda a sua casa e o convite insistente em hospedar o apóstolo Paulo e sua comitiva missionária.
4. Atos 16.23-34. Ainda na cidade de Filipos, preso, o apóstolo Paulo anuncia o evangelho ao carcereiro, que se converte com toda a sua família e recebe o apóstolo em sua casa, onda a família toda se alegra com a presença do servo de Cristo.
5. Atos 18.1-8. O texto registra o apóstolo Paulo conhecendo uma família temente a Jesus, em Corinto, e indo morar em seu lar. Encontramos, também, o registro do apóstolo pregando na casa de um homem que morava ao lado de uma sinagoga e da conversão do chefe da sinagoga e de toda a sua família.
6. Atos 20.6-12 registra a estada do apóstolo Paulo em Filipos, reunido com a igreja daquela cidade, em uma casa de família, pregando e participando de uma comemoração da Ceia.
E poderíamos citar tantos outros textos, como, por exemplo, o da conversão do centurião Cornélio e toda a sua família ou, ainda, os que registram a ajuda do casal Áquila e Priscila no ministério do apóstolo Paulo. Sem dúvida alguma o surgimento e o crescimento da igreja de Cristo estão intimamente ligados a laços e situações familiares.
OS APÓSTOLOS DE JESUS, FUNDAMENTOS DA IGREJA, DEIXARAM ENSINAMENTOS SOBRE A FAMÍLIA
Pelo menos dois desses apóstolos deixaram ensinamentos preciosos sobre comportamentos familiares. Os do apóstolo Paulo estão registrados em Efésios 5.22-33; 6.1-4 e Colossenses 3.18-21; e os do apóstolo Pedro em 1Pedro 3.1-7. Neles vamos encontrar ensinamentos preciosos a respeito do relacionamento dos maridos com as esposas, das esposas com os maridos, dos pais com os filhos e dos filhos com os pais. Ensinamentos de grande importância para a boa convivência familiar e que envolvem, também, a vida cristã.
CONCLUINDO

Estudando o Novo Testamento percebemos que não há como separar a importância da família e da igreja de Cristo. Há uma interação constante e natural. A igreja começou em lares convertidos ao Senhor Jesus e continuou crescendo sob os cuidados de pessoas com suas famílias e com a conversão de famílias inteiras através da pregação do evangelho de Jesus Cristo. Essa interação constante e natural fez com que os apóstolos deixassem ensinamentos que, se observados, trazem o equilíbrio da família e, consequentemente, da igreja. Famílias equilibradas, tementes a Deus, obedientes aos princípios divinos, formam igrejas também equilibradas e tementes a Deus. Cabe a nós, servos de Cristo, sermos obedientes aos ensinamentos de Cristo e seus apóstolos e perseverarmos nesses ensinamentos, a fim de que as igrejas de Cristo cresçam fortes e atuantes na sociedade que vivemos.

sexta-feira, 21 de março de 2014

A FAMÍLIA INSTITUÍDA POR DEUS

Pr Dinelcir de Souza Lima
O que é a família? Ou, como deve ser composta uma família? Nos dias atuais, principalmente em nosso país, está cada vez mais difícil de definir família. Políticos e profissionais de comunicação, principalmente da TV de maior audiência em nosso país, se empenham em deteriorar o conceito de família e, consequentemente, fazer desaparecer a família como foi instituída por Deus.
Há um projeto de lei tramitando no Congresso que, dentre outras aberrações, tenta retirar dos registros de nascimento as expressões “pai” e “mãe”, isto porque a “justiça” brasileira já está começando a permitir que dois homens ou duas mulheres adotem filhos como se fosse um casal, em uma demonstração de loucura total, já que casal é a união entre um macho e uma fêmea.
A mídia incentiva isso e muitas outras deturpações da família, principalmente através de telenovelas que insistem em inculcar verdadeiras aberrações na mente do povo como se tudo fosse muito natural. A TV criou e divulga insistentemente o conceito de “diferente, mas normal” e difunde coisas que não são naturais como se fossem apenas diferentes. Não é normal uma criança ser criada por “um casal” de dois homens ou por duas mulheres. É diferente e anormal.
Como a família é o primeiro grupo comunitário de uma sociedade, a célula matricial, os iníquos tentam levar a iniquidade até a totalidade da sociedade, literalmente detonando a família. Crianças criadas e instruídas por pessoas de costumes fora dos padrões divinos e, portanto, pecaminosos, dificilmente conseguirão romper os costumes e ideias adquiridas e se converter a Jesus Cristo. Além disso, em pouco tempo haverá uma sociedade totalmente corrompida pelo pecado e a convivência dos crentes em Cristo, a pregação do evangelho da salvação, será cada vez mais difícil.
No fundo espiritual de tudo isto está uma atividade das hostes espirituais malignas para levar cada vez mais pessoas à perdição.
O que precisamos fazer? Primeiramente precisamos conhecer com convicção bíblica o padrão de família instituído por Deus.
I. A FAMÍLIA FOI INSTITUÍDA POR DEUS A PARTIR DE UM MACHO E DE UMA FÊMEA – Gênesis 1:27,28;2:18.
Deus criou o ser humano como um macho e uma fêmea. Não criou dois machos, nem criou duas fêmeas, nem criou um hermafrodita. O próprio Deus disse que não era bom que o homem estivesse só e, por isso, criou uma mulher para ele. Não criou outro homem. Há pouco tempo “correu” na internet um desenho de duas tomadas elétricas, uma para encaixar e outra para ser encaixada e, acima do desenho, vinha a seguinte frase: “Deus criou um macho e uma fêmea, o que passa disso é gambiarra.” Achei interessante porque, realmente, uma gambiarra é uma adaptação. O que o ser humano tem criado há muito tempo, são adaptações grotescas e antinaturais do que Deus instituiu.
Depois de criar o ser humano, Deus os abençoou como macho e fêmea e, tendo abençoado, disse que frutificassem (produzissem filhos) e se multiplicassem enchendo toda a terra. Os filhos são o complemento da família e, conforme o que Deus criou, devem ser formados a partir de um casal. Foi assim que a terra foi povoada e é assim que o ser humano continuará se multiplicando. Não será através do relacionamento de dois homens ou de duas mulheres que os filhos serão gerados, mas será sempre a partir de um homem e uma mulher, mesmo que através de inseminações artificiais.
II. A FAMÍLIA FICOU RESPONSÁVEL POR GUARDAR O MUNDO DO MAL – Gen. 2:15; 3:1-7
Depois de plantar o jardim do Éden, Deus colocou o ser humano ali para lavrá-lo e guardar. Mas, guardar de que? O mal ainda não estava no mundo, aparentemente, não havia de que guardar o jardim. No entanto o mal já estava no universo e havia a possibilidade de entrar no mundo através do próprio ser humano. Havendo Deus criou o ser humano como homem e mulher, e ordenado que produzissem filhos, compreendemos, por lógica, que a guarda do mundo contra o mal estava na responsabilidade da família.
Infelizmente a família falhou e o mal entrou através do primeiro casal e se propagou através de seus filhos também. Um filho matou seu próprio irmão, um descendente matou um jovem que pisou seu pé, a violência e a imoralidade sexual tomou conta da terra até que Deus teve que destruir toda a humanidade, preservando a vida somente de uma família, a de Noé. Novamente Deus colocava na família a responsabilidade de guardar o mundo do mal. Mas logo um filho desonrou a seu pai e teve que ser amaldiçoado, dando origem a povos distanciados de Deus, os cananitas, que povoaram a terra de Canaã e aos quais Deus, depois, mandou que fossem destruídos.
As famílias cristãs precisam ser constituídas como Deus estabeleceu; as famílias cristãs precisam estar atentas para se guardarem do mal. Não podem se deixar levar pelo caminho dos ímpios, que se embruteceram e se tornaram loucos (Jeremias 10:2,8).
III. A FAMÍLIA É RESPONSÁVEL PELA GUARDA DOS MANDAMENTOS DE DEUS – Deut 6:1-9
O mal entrou no mundo, o mundo se deteriorou tornando-se má a imaginação do homem desde a meninice (Gen 8:21) e nada mais pode ser feito,  a não ser os crentes se guardarem e pregarem o evangelho da salvação com a finalidade de que alguns sejam salvos (Judas 20-23).
Os crentes precisam se guardar individualmente, caso sejam isolados das famílias como salvos por Jesus Cristo, mas precisam se guardar como famílias se estão em família convertida ao Senhor Jesus Cristo. Os que desejam constituir família precisam fazer propósitos de constituírem dentro dos princípios de Deus, com a finalidade de serem realmente felizes e de fazerem parte de famílias que guardem os mandamentos de Deus.

Deus ordenou que seus mandamentos fossem guardados e o fossem pela família. Disse ao seu povo: “Para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e que teus dias sejam prolongados.” Toda a família precisa ser levada a amar ao Senhor Deus de todo o coração, e de toda a alma, e de todas as forças. As palavras ordenadas por Deus precisam ser inculcadas nos filhos em todo o tempo da convivência familiar, e isto pelos pais e avós. Em Efésios 6:4 lemos que os pais devem criar seus filhos na disciplina (paideia no grego) e admoestação do Senhor. 

sexta-feira, 14 de março de 2014

O DÉCIMO SEGUNDO APÓSTOLO

Quem teria sido o décimo segundo apóstolo de fato, Matias ou Paulo? Há os que defendem e ensinam que Matias foi o discípulo que ocupou o lugar de Judas. Baseiam-se no texto de Atos 1:15-26, e ficam a estabelecer raciocínios para não descartar o apostolado de Paulo. Um dos argumentos é o de que Paulo teria sido apóstolo somente para os gentios.
No entanto a crença que Matias seria o décimo segundo apóstolo gera muitas dificuldades quanto a realidades do apostolado e, até mesmo, quanto a aspectos teológicos e doutrinários. Enumero abaixo alguns questionamentos.
1. A escolha de Matias foi uma iniciativa de Pedro (v. 15-20). Apesar de citar as Escrituras a respeito da necessidade de outro tomar o bispado de Judas, tomou para si a prerrogativa de fazer daquele tempo o momento da escolha. É necessário lembrarmo-nos que os apóstolos eram de Jesus Cristo e que foi ele próprio quem os escolheu (Marcos 3.14).
2. Os critérios de escolha foram estabelecidos por Pedro (v. 21,22). Ninguém sabe quais critérios o Senhor Jesus estabeleceu para, dentre seus discípulos, escolher doze homens e ele próprio os chamar de apóstolos. Além disso, Pedro estabeleceu a necessidade de uma pessoa ser escolhida com a finalidade de ser, juntamente com os outros apóstolos, testemunha da ressurreição de Jesus. Mas, quando escolheu os doze, o Senhor os nomeou para “estar com ele e os mandasse a pregar; e para que tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios”. Um apóstolo de Jesus não era apenas uma testemunha da ressurreição dele.
3. O meio de receber a resposta da oração dirigida ao Senhor foi escolhido pelos discípulos (v. 24-26). Lucas não registra quem tomou a iniciativa de lançar sortes, mas certamente não foi o Senhor Jesus. A iniciativa de Pedro era precipitada e a iniciativa para receber a resposta também o foi. Estava fora do padrão de oração ensinada pelo Mestre: “seja feita a tua vontade e não a nossa”.
4. Crer que a iniciativa de Pedro foi acertada corrobora com a crença da Igreja Católica de que Ele foi o primaz entre os apóstolos e que tomou o lugar de Cristo na terra. Ou seja, corrobora com a crença de que a Igreja de Cristo teve um Papa e que outros, através dos tempos, seriam seus sucessores como representantes diretos de Cristo no mundo.
5. Crer que Matias teria sido o décimo segundo apóstolo cria dificuldades em se compreender o texto de Apocalipse 21:14. “A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.” O texto limita o número de apóstolos a doze. Coloca-os como fundamentos da muralha da cidade celestial. Qual o nome que sobraria, o de Paulo ou o de Matias? Um deles está de fora.
6. Crer que Matias teria sido o décimo segundo apóstolo desmerece todos os ensinamentos de Paulo como sendo de um apóstolo de Cristo.  O Novo Testamento está repleto de palavras do apóstolo Paulo que nos explicam o evangelho de Jesus Cristo. As igrejas de Cristo durante séculos se firmaram em seus ensinamentos. A Teologia Moderna tenta de todas as maneiras tirar o mérito dos ensinamentos dele como sendo inspirados por Deus. Hoje já se fala na “Teologia Paulina” como se fosse algo diferente e conflitante com os ensinamentos de Cristo. Crer que ele não foi o décimo segundo apóstolo de Cristo é colaborar com os adeptos da Teologia Liberal, cuja principal crença é a de que a Bíblia não é a Palavra de Deus.

Finalizando, eu creio que Paulo foi o apóstolo de Cristo. Sua chamada foi realizada pelo próprio Senhor Jesus (Atos 9:1-18), e ele próprio testifica isso em suas cartas, como, por exemplo, em Romanos 1:1 onde lemos: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus.” Ele não foi somente apóstolo aos gentios. Sempre pregou o evangelho aos judeus, apesar de sempre ser perseguido por eles. Escreveu cartas a crentes judeus e gentios porque cria que há um só povo de Deus, os crentes em Jesus Cristo, o Filho de Deus.