quarta-feira, 4 de novembro de 2015

OS DONS ESPIRITUAIS

1 Coríntios 12:1-11

O apóstolo Paulo já havia discorrido a respeito de problemas concernentes aos sentimentos e ao corpo, a atitudes manifestadas em atos e realizações físicas. Agora precisava falar a respeito de graves problemas no âmbito espiritual e ele inicia dizendo literalmente o seguinte: “A respeito do que é espiritual...”, ou “A respeito da espiritualidade...”; ou “A respeito do que concerne ao espírito...” A expressão “dons” é enxerto de tradutores e não existe na sua frase inicial. Ele estava preocupado com comportamentos e pensamentos que giravam em torno do que é imaterial, do que envolve tanto o espírito do ser humano, quanto o Espírito de Deus. E naquela igreja havia muita confusão a respeito, pelo fato de a espiritualidade deles ter, ainda, como padrão, a sua antiga religiosidade gentílica (v. 2).
Agora, convertidos, novas criaturas em Cristo Jesus, precisavam conhecer o que é espiritual em conformidade com a realidade do Espírito Santo, sua natureza, propósitos e atos vindos realmente de Deus. E nós, também influenciados por ensinamentos e comportamentos humanos, oriundos de religiosidades pagãs ou de incredulidades quanto à Palavra de Deus escrita, precisamos conhecer a respeito do Espírito Santo e suas manifestações na igreja. Não podemos ser ignorantes como os da igreja de Corinto eram.
I. O ESPÍRITO SANTO LEVA À GLORIFICAÇÃO DE JESUS – v. 3
O conhecimento principal para a compreensão das manifestações do Espírito Santo é o de que Ele sempre leva o ser humano à glorificação da pessoa do Senhor Jesus (ver também João 16:14). Nunca leva à glorificação da própria pessoa, nem do próprio Espírito Santo, porém à pessoa do Salvador, do Senhor, do Filho de Deus.
Anátema significa algo ou alguém que é dedicado à destruição, ao sofrimento. Daí se dizer, também, que anátema significa maldito. Mesmo que seja em sentimento manifestado em palavras, dedicar algo ou alguém à destruição é manifestar desprezo. Então, dizer Jesus é anátema é manifestar desprezo por ele. Ao contrário, referir-se a Jesus como Senhor, é glorificá-lo, é exaltá-lo como Rei dos reis, Senhor dos senhores.
Para não sermos guiados por falsos ensinamentos precisamos, portanto, antes de tudo, observar se quem nos tenta ensinar, ou nos incitar, ou nos conduzir, despreza ou exalta a pessoa do Senhor Jesus. Se exaltar-se a si próprio, ou se exaltar a pessoa do Espírito Santo acima de Jesus, é falso profeta, falso mestre, falso pastor. Quanto a ensinamento, é falso, enganoso.
II. A DIVERSIDADE DOS DONS DO ESPÍRITO SANTO E A UNIDADE DE DEUS, JESUS CRISTO E ESPÍRITO SANTO – v. 4-11
Pelo contexto da carta percebemos que havia irmãos na igreja de Corinto que se exercitavam na prática de algumas manifestações espirituais apenas e, talvez, as que mais lhes eram convenientes para a aquisição e manutenção de posições de destaque na igreja. O destaque ia para o fenômeno da glossolalia (produção de ruídos estranhos, ininteligíveis com a boca) e para a adivinhação (que confundiam com a profecia). Mas o apóstolo Paulo, antes de discorrer profundamente a respeito desses fenômenos, se preocupa em ensinar que existem diversos outros dons do Espírito Santo, que visam a prestação de serviços ao Senhor Jesus e que todos são realizações dedicadas a Deus. Ou seja, os dons são diversos, provém do Espírito Santo conforme a vontade dEle porque distribui a cada um como quer (v. 11) e nunca são para o indivíduo, para seu benefício próprio (nem mesmo para a própria edificação) nem a distribuição e recebimento de dons é conforme a vontade de quem os busca.
Para compreendermos melhor a respeito dos dons do Espírito Santo precisamos analisar o seguinte:
1. O que é dom do Espírito Santo
A expressão grega utilizada Pelo apóstolo Paulo e traduzida por “dom” é “karismáton”, que tem como principal significado “favores não merecidos, porém gratuitamente concedidos.” Compreendemos, assim, que o apóstolo Paulo não está falando nada a respeito de recebimento do Espírito Santo, mas de capacitação concedida pelo Espírito Santo para o serviço cristão. A expressão é traduzida por dom porque não temos na língua portuguesa uma expressão que, por si só, consiga dar o mesmo sentido que a palavra grega. E, também, porque são capacitações que vêm aos crentes em Cristo como dádivas divinas, sem que o crente tenha que merecê-las.
2. Os dons são individuais. Os dons são manifestados e o apóstolo Paulo afirmou que a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil e, compreendemos, ao serviço cristão. Observe-se com atenção que manifestação é ação e que não há, portanto, dom sem manifestação. Isto seria inútil.
3. Quais capacitações foram referidas pelo apóstolo Paulo.  Os dons do Espírito Santo ensinados à igreja de Corinto foram os seguintes:
a) Palavra de sabedoria – Capacidade de se expressar com sabedoria, com prudência, com inteligência.
b) Palavra de conhecimento – Capacidade de transmitir o conhecimento verdadeiro, de ensinar o que é correto, de doutrinar.
c) Fé – convicção da verdade (pistis). Lembramos que o apóstolo Paulo está falando de manifestação de dons. Está, portanto, se referindo à fé verdadeira, com atos e atitudes que manifestam a convicção da verdade. Lembremo-nos de que os atos, as realizações (ergon) de fé são as manifestações de que a fé é real, verdadeiramente existente (Tiago 2:18).
d) Os meios de cura – A palavra utilizada é iama, que significa exatamente isso: “um meio de cura, remédio, medicamento”. O apóstolo Paulo não estava se referindo a curas milagrosas, porém aos meios de cura. Se quisesse se referir a cura teria utilizado a palavra iaomai, que é o verbo curar, sarar. Diferentemente do que muitos pensam e defendem hoje, o apóstolo Paulo estava dizendo que, na igreja, o Espírito Santo concedia a crentes meios, recursos, medicamentos, para curar.
e) Realizações de poder – A palavra que é traduzida por milagres é dunamis que significa literalmente poder, força, capacidade. A palavra que foi traduzida por operações é energema, que significa aquilo que foi realizado, resultado de uma operação. Por isso traduzimos por “realizações de poder”. Não é possibilidade de realizações, porém a realização concluída e de algo poderoso. Não significa necessariamente que sejam milagres, pois pode ser qualquer realização poderosa para o Senhor Jesus Cristo. Por exemplo, a realização, a conclusão da operação da evangelização levada a efeito pelo apóstolo Pedro no dia de Pentecostes, quando se converteram e foram agregadas à igreja quase três mil almas, foi uma concessão, uma dádiva do Espírito Santo. Isto significa que poderosas campanhas evangelísticas realizadas pelas igrejas e conduzidas por alguns, é uma dádiva do Espírito Santo.
f) Profecia – Confundido por muitos com adivinhações, inclusive de coisas particulares na vida de pessoas, significa, no entanto, conforme Strong, James: Léxico Hebraico, Aramaico E Grego De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, “discurso que emana da inspiração divina e que declara os propósitos de Deus, seja pela reprovação ou admoestação do iníquo, ou para o conforto do aflito, ou para revelar coisas escondidas; esp. pelo prenunciar do eventos futuros na predição de eventos relacionados com o reino de Cristo e seu iminente triunfo, junto com as consolações e admoestações que pertence a ela...” É, portanto, o dom de anunciar, pregar, a Palavra de Deus. Uma pregação de acordo com a Palavra de Deus, com as Escrituras Sagradas, a proclamação do evangelho de Jesus Cristo como consolação e admoestação do juízo de Deus sobre a humanidade, é manifestação do dom de profecia.
g) Discernimento de espíritos – seja no sentido do ânimo ou essência do que move o ser humano (falso ou verdadeiro), seja no sentido de espiritos malignos que se disfarçam no seio da igreja, através de pessoas e seus atos.
h) Línguas de outros povos, raças, tribos ou nações – Ao contrário do que consta da maioria das nossas traduções, o apóstolo Paulo não se referiu nenhuma vez a linguas estranhas ou a variedades de línguas. Isso é interpretação pessoal de tradudores que mudaram o sentido, talvez desejando facilitar a compreensão e, ao contrário, dando origem à grande confusão doutrinária e comportamental que existe hoje no meio evangélico difundido pelos doutrinadores do pentecostalismo. No grego, no versículo 10, encontramos as expressões genos, que significa família, raça, tribo, nação; e glossa que tanto pode significar língua no sentido do órgão da fala, quanto língua, no sentido de idioma. A referência do apóstolo Paulo é específica à manifestação do dom de línguas de outras nações. Pessoas que conseguem aprender com facilidade línguas de outras nações e as utilizam no que é últil para o reino de Deus, são capacitadas pelo Espírito Santo.
i. Interpretação de línguas estrangeiras – Conforme significado da palavra hermenéia, do que foi dito de alguma maneira obscurecida a outras pessoas. É o dom de interpretar, esclarecer e anunciar de maneira perfeitamente compreensível. Não é um dom de interpretação de línguas estranhas, isso não existe na Bíbli, mas o dom de interpretação de línguas de outras nações.
Concluindo
 a) Dons são dádivas não merecidas, portanto não podem ser conquistados através de práticas religiosas; b) Dons são invisíveis, o que é visível são as manifestações dos dons; c) Dons de profecia, de cura, de línguas e de interpretação não são o que os pentecostais ensinam, porém o que está escrito no texto e foi explicado; os dons são uma realidade para o que for útil na igreja de Cristo e não para o benefício de quem os recebe.


terça-feira, 7 de abril de 2015

IGREJA, A CASA DE DEUS

Um dia o rei Davi desejou construir uma casa para Deus. Sentia-se incomodado porque tinha a sua própria casa feita de cedros e a arca de Deus estava em uma tenda (2Sm 7.2). Falou ao profeta Natã do  seu desejo de construir uma casa para Deus e recebeu como resposta um incentivo para que fizesse tudo o que estava em seu coração porque, disse Natã, “o Senhor é contigo.”
Mas, não era isto que estava no coração de Deus e mandou mensagem a Davi dizendo que nunca requereu a construção de uma casa para Ele e que nunca havia deixado de estar com o seu povo. Anunciou que o filho de Davi lhe construiria uma casa. Davi ofertou o material para a construção e Salomão, realmente, construiu o templo para Deus.
Durante o período do Antigo Testamento a casa de Deus foi o templo de Jerusalém. Naquele lugar eram prestados os cultos e, até determinado tempo, era onde Deus se manifestava durante o culto sacrificial.
O Senhor Jesus veio ao mundo, estabeleceu o Novo Testamento, abriu caminho direto para a presença de Deus colocando-se como mediador, único sacerdote e o templo, até certo tempo ainda utilizado pelos judeus, inclusive convertidos a Cristo, foi completamente destruído pelos romanos. Aparentemente Deus ficou sem casa e, de fato, no cristianismo, o templo único, como lugar de adoração, deixou de existir. Jesus estabeleceu a sua igreja inicialmente em Jerusalém que, em pouco tempo, foi se espalhando pela face da terra. Cristãos passaram a se reunir como igrejas de Cristo em diversos lugares. No próprio templo de Jerusalém antes de ser destruído, em residências particulares, em escolas, em lugares ao arlivre e, até mesmo, em catacumbas. Aos poucos, em determinados lugares onde igrejas permaneciam se reunindo, foram sendo construídos lugares especiais, separados, para as reuniões das igrejas que, sob a influência do catolicismo (um sincretismo de romanismo, judaísmo e cristianismo) passou-se a denominar esses lugares especiais de templos.
Surgiu, então, a ideia de que os edifícios eram “casas de Deus”. No entanto, Deus continuou não habitando em lugares feitos por mãos de homens, mas habitando nos crentes em Cristo através da habitação do seu Santo Espírito.
Escrevendo a sua primeira carta a Timóteo o apóstolo Paulo diz que a igreja é a casa de Deus (1Tm 3:14) e podemos, assim, compreender que Deus realmente habita entre os crentes em Cristo, nas suas próprias igrejas. Não nos templos, nos edifícios construídos por mãos de homens, mas nas congregações dos crentes em Cristo Jesus.

Sendo assim, precisamos valorizar as igrejas de Cristo, precisamos reverenciar a presença de Deus em suas igrejas, precisamos desenvolver a fidelidade a Deus e, consequentemente, a seu Filho Jesus Cristo. Precisamos reconhecer que somos coluna e suporte da verdade de Deus e agir como tais. Precisamos lutar pela manutenção das características da casa de Deus nas suas igrejas.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

A DIVINDADE E A HUMANIDADE DE JESUS CRISTO

Talvez este seja um dos temas mais polêmicos da Teologia Cristã. Muitos crêem que Jesus foi apenas um homem, outros que foi Deus em aparência humana e, outros, que foi Deus e homem ao mesmo tempo.
Se nos detivermos em uma Teologia realmente bíblica certamente concordaremos que ele foi Deus e homem ao mesmo tempo. Ele não foi gerado por homem, porém pelo Espírito Santo; manifestou poderes divinos sobre a vida, o universo, a natureza; declarou ser o próprio Deus e foi apresentado a discípulos seus como sendo o filho amado de Deus. Declarou-se o único gerado por Deus e, ressuscitado, voltou aos céus e sentou-se à direita de Deus.
No entanto, o grande problema com o qual nos deparamos não é o reconhecimento de que era Deus e homem, porém o conhecimento teológico de como isto se tornou realidade.
Mesmo com aparência de tanta dificuldade para compreensão, a explicação teológica é relativamente simples se considerarmos o que encontramos na Bíblia a respeito do Espírito de Cristo. O apóstolo Paulo se refere ao Espírito Santo como sendo o Espírito de Deus e, ao mesmo tempo, o Espírito de Cristo (Rm 8.9); Jesus foi gerado pelo Espírito Santo (Mt 1.18); enquanto homem, aqui no mundo, o Espírito Santo habitou plenamente em Jesus Cristo, a ponto de não poder ser dados aos seus discípulos enquanto não foi glorificado (Jo 7.39; 20.22).
A divindade de Jesus Cristo não estava em seu corpo, porém em seu espírito. Foi gerado como homem e, por isso, era realmente homem. Porém o seu espírito era o próprio Espírito de Deus e, por isso continuou a ter a sua natureza divina. Fisicamente era homem e espiritualmente era Deus. Por isso, na sua crucificação houve a necessidade de o Espírito de Deus deixá-lo e o Senhor Jesus ter se sentido desamparado. Para morrer ele precisou ser totalmente homem. Caso contrário não poderia morrer, considerando-se que Deus é eterno.

quinta-feira, 19 de março de 2015

A SÃ DOUTRINA

Baseado em 1Timóteo 1

Um dos grandes males do nosso século é uma aversão a um ensinamento sadio, a uma regra de vida sadia, baseada nas Escrituras, a Bíblia. Não é uma aversão somente de pessoas que são de fora do cristianismo, porém alcança fortemente o nosso meio, até mesmo os evangélicos que deveriam caracterizar-se por uma vida cristã baseada somente no evangelho de Jesus Cristo. Por isso, quando utilizamos a expressões doutrina, doutrinamento e sã doutrina, há uma reação de repúdio e aversão, muitas vezes zombeteiras ou verbalmente violentas.
Creio que para tais pessoas não há esperança pois rejeitando a sã doutrina, rejeitam, também, os ensinamentos bíblicos e para conhecermos e nos mantermos na sã doutrina necessitamos exatamente do conhecimento bíblico e aceitação dos seus ensinamentos.
Pouco tempo depois de Jesus Cristo ter estabelecido o seu evangelho no mundo, cerca de 30 anos depois de sua morte e ressurreição, este problema já existia. Talvez sem a amplitude de hoje, já que o mal se propaga rapidamente através dos mais variados meios de comunicação dos quais dispomos hoje, porém já existia. E o apóstolo Paulo se preocupou em iniciar sua carta ao seu filho na fé, então pastor da igreja de Éfeso, discorrendo exatamente sobre a necessidade dele se manter na sã doutrina e levar a igreja a permanecer também. Desse texto inicial, para nosso estudo, queremos destacar os seguintes.
A PREOCUPAÇÃO COM FILHOS NA FÉ – v. 2
A preocupação inicial de Paulo não era social, nem financeira, nem com a saúde. Via de regra confundimos as coisas e, quando levamos alguém à fé em Jesus Cristo nos preocupamos mais com o seu dia a dia, com as coisas desta vida. A preocupação principal deve ser com a manutenção da fé verdadeira em Jesus Cristo. Há muita fé falsa e muitos que rodeiam os crentes em Cristo tentando demovê-los e desviá-los da fé.
O DEVER DO PASTOR EM ADVERTIR CONTRA OS DESVIOS DA FÉ – v. 3-7
Há sempre pessoas se desviando e trabalhando para desviar outros da fé. São pessoas que se arvoram conhecedoras, que querem ser mestres das Escrituras, que não entendem nem o que dizem nem o que afirmam (v.7), mas que ensinam doutrinas diferentes da de Jesus Cristo. São pessoas que não se importam com o que Jesus ensinou e se importam muito mais com o que eles próprios pensam saber. São pessoas que fazem belos discursos baseados em fábulas, palavras fantasiosas ou se dedicam a intermináveis genealogias (v.5).
O pastor tem o dever de ordenar (no texto este significado da palavra grega paraggello é o que se encaixa melhor) que pessoas não ensinem falsas doutrinas. É compreensível que o pastor impeça o ensinamento pois, se advertir somente, ou somente alertar aos crentes, a palavra falsa sempre poderá surtir efeito de desvio em alguns. Assim como a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, o desvio da fé pode vir pelo ouvir ensinamentos falsos. E sempre os ensinamentos falsos produzirão debates inúteis (este é o sentido de “questões” nos vs. 4 e 6) e controvérsias.
E os crentes que desejam permanecer firmes na fé precisam dar ouvidos às advertências do pastor.
O PASTOR PRECISA TER CONVICÇÃO DO VALOR DA SÃ DOUTRINA – v. 5,8-11
Pastores sem convicção da sã doutrina se desviam e conduzem as ovelhas por caminhos tortuosos, das falsas doutrinas. Um pastor que crê no batismo por aspersão leva a igreja a batizar por aspersão; um pastor que não reconhece o valor da Ceia como um memorial do sacrifício do Senhor Jesus, leva a igreja a atribuir valores humanos à Ceia. Um pastor que não crê que a Bíblia é a Palavra de Deus, leva a igreja a descrer da Bíblia como Palavra de Deus. Um pastor que não crê na necessidade de santificação da igreja, leva a igreja a se mundanizar, a buscar igualdade com o mundo. Um pastor que crê que a igreja tem que transformar socialmente o mundo, levará a igreja a trabalhar pela transformação social do mundo. São apenas exemplos do que acontece no meio cristão e de como pastores são responsáveis por tantos desvios.
O pastor precisa ter convicção da finalidade do mandamento de Deus: o amor de um coração puro, uma boa consciência e uma fé não fingida, verdadeira. Precisa ter convicção de que o ensinamento é mais eficaz que a imposição legalista, porquanto leva o crente a um comportamento de fidelidade ao evangelho por reconhecimento da nova vida em Cristo (ver o  exemplo do próprio apóstolo Paulo nos vers 12 a 17). Mas, também, a lei é boa e precisa ser utilizada legitimamente, para com os que perseveram no pecado (v. 8-11)
Paulo delineia os que precisam ser tratados segundo a Lei: os injustos (transgressores); os obstinados em não se sujeitarem ao evangelho; os que não têm temor reverente a Deus (asebes – chamados de ímpios ou irreverentes em nossas versões); os que se dedicam ao pecado; os profanos (não santificados); os maus; os parricidas, os matricidas, os assassinos; os que praticam atos sexuais considerados impuros (pornôs); os sodomitas (arsenokoites – homens que se deitam com homens); os que colocam serem humanos sob escravidão ou fazem comércio da escravidão (andrapodistes); os mentirosos, os que acusam falsamente e os que são contrários à sã doutrina. Note-se que o apóstolo Paulo inclui os que se opõem à sã doutrina com os que cometem os mais variados e terríveis tipos de pecado.
PRECISA HAVER NO PASTOR O SENTIMENTO DA MISERICÓRDIA DE DEUS EM SUA VIDA – v. 12-17
O apóstolo Paulo vivia para obedecer a Cristo e para glorificar a Deus. O que ele sentia procurava, por todos os meios, passar para os crentes em Cristo, tanto ensinando aos pastores, quanto ensinando aos próprios crentes. Ninguém é salvo e nem vive a vida cristã por seu próprio mérito. Ninguém é bom a ponto de merecer a salvação e o fortalecimento para a vida cristã. No seu profundo sentimento da misericórdia de Deus em sua vida, ele reconhecia:
a) Era agradecido a Cristo Jesus. Dava graças à ele.
b) O seu fortalecimento vinha de Cristo Jesus. Em nossa tradução está que ele reconhecia que o Senhor Jesus o confortava, porém a palavra utillizada tem a conotação clara de fortalecimento.
c) Ele próprio era propriedade de Jesus. Ele o chama de “Senhor nosso.”
d) Agradecia porque foi Cristo quem o considerou fiel para o ministério.
e) Considerava-se o pior dos pecadores. Mas reconhecia que através da própria misericórdia para com os pecadores, o Senhor Jesus dava provas da sua longanimidade.
A VERDADE DO EVANGELHO  - v. 15 e 16
Uma palavra fiel, verdadeira (pistos), digna de toda a aceitação é a de que “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores.” Esta é a verdade do evangelho de Jesus Cristo, é a essência, é o motivo pelo qual Deus deu o seu Filho unigênito. Não há evangelho, não há sã doutrina, sem a convicção e a pregação de que todo aquele que crê em Jesus Cristo tem a vida eterna. Deixar essa verdade é fazer naufrágio na fé.
CONCLUINDO
O pastor precisa ser exemplo de fé verdadeira em Jesus Cristo, precisa pregar e ensinar a sã doutrina, com o objetivo de levar os crentes a conhecerem o evangelho verdadeiro e se manterem firmes contra os que praticam e pregam doutrinas contaminadas pelo pensamento humano, ou, até mesmo, criadas por homens.
O pastor precisa combater o bom combate. Precisa ser combativo contra o mal que rodeia e penetra na igreja. Não pode ser condescendente, não pode transigir porque ele tem um Senhor que é o dono da igreja. Precisa conservar a sua fé em Jesus Cristo e a sua consciência governada pela mente de Cristo. Não pode  pensar nem crer com a mente de homens, porém de Cristo. E a mente de Cristo nos foi revelada por ele próprio e registrada na Bíblia.

Os crentes em Cristo têm a mesma Bíblia que o pastor, tem a mente de Cristo e podem ouvir e aceitar de bom grado os ensinamentos e pregações que são realmente de acordo com a sã doutrina. Podem ajudar aos que estão se desviando da fé e devem, individualmente, permanecer firmes no evangelho de Jesus Cristo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O SACERDÓCIO UNIVERSAL DO CRENTE

Existem muitos conceitos teológicos que são produto da mente humana mas que são aparentemente baseados em conceitos bíblicos. Um deles é o chamado "Sacerdócio Universal do Crente". A expressão é bonita, busca referencial no texto da Bíblia, mas esconde algumas heresias. Uma delas é que o crente é responsável pelo bem estar físico e social do seu semelhante. Talvez seja a mais forte delas. Quando solta em uma frase de impacto durante uma pregação soa retumbante nos corações e logo ouvintes ávidos por fazer a vontade de Deus saem a campo e se lançam em um frenesi estafante para cuidar de semelhantes que muitas vezes não estão nem aí para Deus e que muitas vezes estão se exaurindo em atividades idolátricas, orgíacas, imorais. É o caso daqueles que saem a campo para cuidar dos foliões carnavalescos e para dar suporte a romeiros que sucumbem nos seus sacrifícios de idolatria. Cuidar dos idólatras e dos amantes das orgias se transformou em obrigação sacerdotal do crente. Pura armadilha do inimigo porque um sacerdote de Deus nunca teve por incumbência cuidar da saúde de povos pagãos, muito menos enquanto praticavam seus cultos idolátricos e orgíacos.
Na realidade o sacerdócio do crente é apontado pelo apóstolo Pedro sob dois aspectos e somente dois. O primeiro está no campo pessoal. Somos sacerdotes de nós mesmos, no sentido de podermos prestar culto diretamente a Deus, através de Jesus Cristo, sem intermediário algum. É o que o apóstolo diz em 1Pedro 2:4,5: "Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.Os sacrifícios eram prestados pelos sacerdotes e eram materiais; precisavam ser agradáveis a Deus para que fosse aceito por Ele; o mediador era o próprio animal sacrificado que figurava o Messias. Hoje o culto é espiritual, mas precisa ser agradável a Deus e é realizado pela mediação do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. Quando cultuamos a Deus através de Jesus Cristo, exercemos o sacerdócio que nos foi delegado.
O segundo aspecto do sacerdócio do crente está no sentido da intermediação entre pessoas e Deus. Não como era a função do sacerdote de Israel, que recebia do povo o animal a ser sacrificado e o apresentava a Deus, como um mediador aparentemente direto, mas em uma intermediação indireta, como veículos de uma mensagem que leva ao perfeito e único Mediador, Jesus Cristo. Observe-se as palavras do apóstolo em 1Pedro 2:9: "Vós, porém, sois nação eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz." O crente faz parte do povo de Deus e exerce um sacerdócio real com a finalidade de proclamar, pregar, anunciar, as virtudes do nosso Salvador, Jesus Cristo. Ou seja, exercemos um sacerdócio mediador no sentido de veicularmos a mensagem que pode levar o homem a Cristo que, por sua vez, é o único que pode levar o homem a Deus.
Estes, e somente estes, são os aspectos do nosso sacerdócio como crentes em Jesus Cristo.