segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O RECEBIMENTO DO ESPÍRITO SANTO

Pr. Dinelcir de Souza Lima
Talvez uma das maiores dificuldades de compreensão da doutrina do Espírito Santo esteja na falta de visão da diferença entre as expressões batismo e recebimento e, consequentemente, também na falta de compreensão a respeito da diferença entre o batismo no Espírito Santo, e o recebimento do Espírito Santo. Inicialmente devemos logo observar que a expressão batismo é referente a estar completamente imerso, completamente tomado, completamente mergulhado, completamente envolvido; e que a expressão receber é referente a ser alcançado por algo, obter ou alcançar algo, tornar-se o receptáculo de algo.

Deve ser observado, ainda, que as idéias são completamente diferentes e que, quando confundidas, podem trazer sérios problemas doutrinários e, até mesmo, dificuldades na vivência de um cristianismo autêntico. Tão sério pode ser o problema de confusão entre o batismo e o recebimento do Espírito Santo, que igrejas já capacitadas para a obra de evangelização, para cumprir o seu papel de apresentar Jesus ao mundo, podem estagnar dedicando-se a intermináveis atividades de busca de um batismo inexistente para seus membros. Também indivíduos convertidos podem estancar o fluxo da pregação individual do evangelho a outros indivíduos, podem estagnar no aprendizado das doutrinas bíblicas, no cuidado e fraternidade com seus irmãos, ao lançarem-se em um frenesi inconseqüente, buscando algo que já receberam há muito tempo.
Neste estudo, deveremos observar a diferença entre recebimento e batismo no Espírito Santo, quem recebe e como recebe o Espírito Santo.

QUEM RECEBE O ESPÍRITO SANTO

Atualmente existem idéias muito estranhas no meio evangélico a respeito das pessoas que podem, ou devem, ou recebem o Espírito Santo. Uma delas é a de que só recebe o Espírito Santo aquele indivíduo que já foi batizado “nas águas”. Contra esta argumentação lembramos o fato de que o Espírito Santo veio sobre os da casa de Cornélio antes de serem batizados (Atos 10:44-48). Outra é a de que só recebe o Espírito Santo quem se dedica a intensos períodos de jejum e oração. Contra esta idéia também podemos citar a manifestação na casa de Cornélio, bem como todas as outras três manifestações registradas no Novo Testamento, onde, em nenhum momento os que foram alvo da manifestação do Espírito Santo estavam orando ou jejuando, pedindo o recebimento. Na casa de Cornélio o apóstolo Pedro estava pregando; em Samaria os samaritanos não estavam nem se importando em receberem ou não o Espírito Santo; em Jerusalém estavam todos assentados, quietos, e, em Éfeso, ninguém também pediu manifestação alguma.
Definitivamente não há na Bíblia nenhum ensinamento ou fato registrado que direcione o crente a buscar receber o Espírito Santo. O que encontramos, na realidade, é um tipo só de ensinamento: que recebe o Espírito Santo todos os indivíduos que creem em Jesus Cristo. Vejamos os seguintes exemplos e ensinamentos bíblicos.

1. O apóstolo João afirmou que recebem o Espírito Santo os que crêem em Jesus - João 7:39. Ele registrou a promessa do Senhor Jesus de que enviaria o Espírito Santo e explicou que receberiam o Espírito Santo os que cressem em Jesus.
2. O apóstolo Pedro pregou a necessidade de crer em Jesus para o recebimento do dom do Espírito Santo - Atos 2:38. Diante da pergunta sobre o que fazer tendo o pecado de matar a Jesus Cristo, ouvintes compungidos ouviram do apóstolo Pedro a resposta: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”. Arrependimento e batismo só são válidos para Cristo, se forem precedidos pela crença em Jesus como Salvador.
3. O apóstolo Pedro afirmou que recebeu o Espírito Santo quando creu em Jesus - Atos 11:17. Apresentando sua defesa à igreja de Jerusalém a respeito do motivo de ter batizado Cornélio e os da sua casa, o apóstolo diz: “Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo...”
4. O apóstolo Paulo tinha a convicção de que o indivíduo recebe o Espírito Santo quando crê em Jesus - Atos 19:2. A pergunta do apóstolo aos doze discípulos de João Batista, não deixa qualquer dúvida quanto à sua convicção: “Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?”
5. O apóstolo Pedro afirmou que o Espírito Santo é dado quando o indivíduo se arrepende e é batizado em nome de Jesus Cristo - Atos 2:38. Ou seja, quando crê em Jesus Cristo e manifesta ao Senhor Jesus esta crença através do batismo. Devemos lembrar que não há batismo autêntico sem crença em Jesus Cristo e que o batismo, nos primórdios, era concomitante ao ato de arrependimento dos pecados e crença no Senhor Jesus Cristo.
6. O apóstolo Paulo foi cheio do Espírito Santo ao ser batizado - Atos 9:17,18. Lembrando do que dissemos anteriormente, que o batismo era um ato concomitante à crença, à entrega a Jesus Cristo, vemos o orgulhoso Saulo entregando-se ao batismo através de um obscuro (para ele) crente em Cristo, Ananias, o que manifestava, a Jesus Cristo, a sua entrega real como servo de Cristo.

COMO O CRENTE RECEBE O ESPÍRITO SANTO

Porque houve em Jerusalém, no dia de Pentecostes, manifestações visíveis e audíveis no batismo com o Espírito Santo, e, também, porque há em religiões animistas mani-festações físicas e lingüísticas quando um indivíduo fica incorporado por uma entidade espiritual, foi desenvolvida a idéia de que uma pessoa, ao receber o Espírito Santo, também precisa passar por manifestações físicas e lingüísticas.
Não é verdade. A Bíblia não registra nenhum comportamento sobrenatural dos servos de Jesus Cristo quando receberam o Espírito Santo. Como pudemos ver nas duas lições anteriores, no dia de Pentecostes os discípulos não receberam o Espírito Santo, mas a igreja de Cristo foi batizada.
Podemos dizer com certeza que não receberam o Espírito Santo naquele dia, porque há uma passagem bíblica que afirma terem ele recebido o Espírito Santo antes de Jesus subir para a presença do Pai. Em João 20:21,22 lemos: “Disse-lhes pois Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.”
Os discípulos de Jesus receberam o Espírito Santo antes de acontecer o batismo no dia de Pentecostes, e o texto transcrito acima não faz qualquer referência a acontecimentos sensacionais, milagrosos, estapafúrdios, quando do recebimento providenciado por Jesus. Atualmente, alguns indivíduos estão utilizando este texto para assoprarem sobre outras pessoas e afirmarem que assim eles estão fazendo com que recebam o Espírito Santo. Também não é bíblico tal comportamento. Não foi nenhum discípulo quem assoprou sobre os outros, mas o próprio Senhor Jesus Cristo, num ato que demonstrava estar deixando para seus servos, para aqueles que creram nele, do seu próprio Espírito, tal como prometera anteriormente (ver João 14:16).
O crente recebe o Espírito Santo sem qualquer manifestação exterior, como uma dádiva do Senhor Jesus Cristo, quando ele entrega-se a Jesus Cristo como Salvador e Senhor, entrega essa que é manifestada através da submissão ao batismo que foi ordenado por Jesus. Isto é o que expressa o apóstolo Paulo, quando, escrevendo aos crentes da Galácia, demonstra que o recebimento do Espírito Santo não é por obras, mas pelo ouvir com fé (Gál. 3:2).
CONCLUSÕES

1. Ficar a buscar recebimento do Espírito Santo depois de receber Jesus Cristo como Salvador, é imaturidade cristã, é falta de reconhecimento de que Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo são uma só pessoa. Como poderia alguém receber Jesus como Salvador, recebendo-o para habitar em seu ser, e depois receber o Espírito Santo como se fosse uma outra pessoa divina?

2. Jesus, após sua ressurreição, voltou à presença do Pai onde está até hoje e de onde só voltará no dia do juízo final. Mas também afirmou que estaria com seus servos todos os dias, até que os séculos se consumassem. Afirmou também que, onde estivessem duas ou três pessoas reunidas no nome dele, aí ele também estaria. Como pode ser isto? Como poderia Jesus estar no céu sendo prometida sua volta conforme foi sua subida, conforme está registrado em Atos 1:11, e habitar em cada um que o aceita como Salvador? Só há uma resposta bíblica e lógica para esta questão: Jesus habita nos seus servos na pessoa do seu Espírito. Quando alguém recebe Jesus em sua vida, recebe na pessoa do Espírito Santo.

sábado, 10 de setembro de 2011

A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO

Pr Dinelcir de Souza Lima
O senhor Jesus estava iniciando, através da Galiléia, um segundo programa de pregações a respeito do evangelho do reino de Deus (Lc 8.1). Não ia só, mas ia acompanhado dos seus doze apóstolos além de algumas mulheres que eram profundamente gratas pela salvação e que tinham dedicação em servi-lo. Era um grupo interessante pelas diferenças individuais, pelo fato de ter mulheres junto ao grupo como verdadeiras discípulas de Jesus e, também, porque já delineava a igreja que estava se formando a partir da cabeça que era Jesus Cristo.
Entrou em uma casa para comer, mas uma multidão se ajuntou e invadiu a casa de tal maneira que nem podiam comer (Mc 3.20). Em determinado momento trouxeram-lhe um endemoninhado que era cego e mudo, um homem terrivelmente sofredor, e Jesus o curou, expulsando o demônio e fazendo com que passasse a falar e a ver. A multidão ficou maravilhada e começou a se quebrantar para reconhecê-lo como o Messias, o Filho de Davi  (Mt 12.22,23). Parece que seus discípulos ficaram separados dele por causa da multidão, porquanto ao ouvir do burburinho, saíram ao seu encontro para o resgatarem pensando que estava fora e si (Mc 3.21).
Os escribas e fariseus (Marcos se refere aos escribas e Mateus aos fariseus) aproveitaram o ensejo para tentar desmoralizar Jesus, diante da multidão que já começava a reconhecê-lo como o Messias, enviado de Deus. Fizeram, então, uma afirmação que deu a Jesus o ensejo de admoestá-los e, ao mesmo tempo, ensinar aos que o estavam ouvindo, inclusive seus discípulos: afirmou que há um tipo de pecado, uma blasfêmia, para a qual não há perdão, a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mc 3.28,29; Mt 12.32).
Há pessoas, na atualidade que utilizam esse ensino de Jesus para impingir pensamentos pessoais a outras pessoas, no que concerne, principalmente, à doutrina do Espírito Santo. Quando alguém questiona algum comportamento religioso fora dos padrões bíblicos, de alguma outra pessoa que se diz possuída ou capacitada pelo Espírito Santo, logo esta diz para aquela: “Olha! Cuidado com a blasfêmia contra o Espírito Santo!” Ou seja, um ensinamento de Jesus que deve ser respeitado e observado no seu real significado, passou a ser elemento de manipulação e opressão por algumas pessoas religiosamente autoritárias. Vamos analisar os ensinamentos de Jesus detalhadamente e vamos pensar em seu real significado.
A AFIRMAÇÃO DOS ESCRIBAS E FARISEUS - Mt 12.24; Mc 3.22,30
Ao perceberem que a multidão começava a conjecturar se Jesus não seria o Messias (a expressão “Filho de Davi” indica aquele que viria da parte de Deus, da linhagem de Davi), imediatamente começaram um trabalho sutil de tentativa de direcionamento do pensamento da multidão para uma terrível mentira com a finalidade de destruir todo o trabalho que Cristo realizara: vincularam os atos de Jesus a Satanás, ao afirmaram que Jesus expulsava demônios por Belzebu, o príncipe dos demônios, e o colocaram como se fosse dependente daquele ser maligno, já que, conforme afirmação deles, realizava os milagres sob o poder dele e afirmavam estar possesso de espírito imundo.
Era, de fato, uma afirmação terrivelmente pecaminosa, porquanto não faziam aquela afirmação por inocência ou incredulidade, mas de maldade consciente. Sabiam quem era Jesus. Sabiam, pelo menos, que era vindo da parte de Deus e isso pode ser comprovado pelas palavras de Nicodemos, um dos representantes da classe religiosa dominante dos judeus que, ao procurar a Jesus afirmou: “bem sabemos que és mestre vindo de Deus” (Jo 3.2).
A RESPOSTA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - Mt 12.37; Mc 3.23-30
Jesus reagiu imediatamente com uma admoestação composta de raciocínio lógico e de advertências. Ao invés de se retirar, ou de utilizar seu poder divino para destruir imediatamente aqueles homens, preferiu vencê-los, como sempre o fez, com palavras de sabedoria divina. Deixou claro à multidão que:
1. Não havia possibilidade alguma de estar a serviço de Satanás  - Mt 12.25-29; Mc 3.23-27. Se estivesse Satanás estaria lutando contra si próprio e estaria destruindo seu próprio principado. Era realidade que ele expulsara demônios. Como poderia, então, Satanás expulsar Satanás? A verdade era que Jesus expulsava os demônios pelo Espírito de Deus e que o reino de Deus havia, de fato, chegado até os judeus. Expulsava porque tinha poder para entrar nos corações dominados por Satanás anulando-lhe o poder e, então, limpar os corações (Mt 12.29; Mc 3.27).
2. Não existe qualquer tipo de cooperação entre as trevas e a luz -  Mt 12.30. Não existe meio termo, não há possibilidade de se ficar  “em cima do muro” com respeito a Jesus Cristo. Quem não está com ele está contra ele e, quem não trabalha com ele, trabalha contra ele. Sendo ele a luz, não poderia compactuar com as trevas e nem as trevas com ele.
3. Não há perdão para quem blasfema contra o Espírito Santo -  Mt 12.31,32; Mc 3.29. Para qualquer tipo de pecado ou blasfêmia há perdão; até mesmo a palavra dirigida contra a pessoa humana de Jesus, mas a blasfêmia, a fala contra o Espírito Santo, nunca será perdoada. Quem o fizer já está condenado.
Essa é a realidade declarada por Jesus. A questão, então, é: O que seria a blasfêmia contra o Espírito Santo? Seria alguém dizer que tem alguma visão, ou profecia, ou que realizou alguma obra sob o poder do Espírito Santo e a pessoa duvidar disso? Certamente que não. Note-se que quem estava envolvido ali era o próprio Senhor Jesus. Não um discípulo seu, mas o próprio Filho de Deus. A cena não poderá se repetir na história porque Jesus já subiu aos céus e de lá só voltará para o juízo final. Além disso, o que estava envolvido ali era uma blasfêmia consciente da parte de pessoas que sabiam que Jesus era vindo de Deus e que, portanto, realizava milagres pelo Espírito Santo. A blasfêmia contra o Espírito Santo é, portanto, a declaração contrária à Ele, da parte de quem tem certeza de a obra é divina e que afirma ser obra maligna. Isto quer dizer que o crente em Cristo não pode blasfemar contra o Espírito Santo, porquanto nunca dirá, conscientemente, que uma obra do Espírito é de origem maligna; nunca dirá que o que Jesus realiza através do Espírito Santo, é de obra maligna; nunca dirá que Jesus tem parte com Satanás; e nunca dirá que Jesus age pelo poder do maligno.
Por outro lado, fazer isso é tão maligno, tão digno do próprio Satanás que o que pratica a blasfêmia contra o Espírito Santo já tem a maldade em si próprio (Mt 12.33-35) e a sua condenação é uma realidade que está inerente em seu ser (Mt 12.36,37). Por isso não há perdão, tanto quanto não há para Satanás que, sabendo quem é Jesus Cristo o rejeita e luta contra ele.
4. O que se fala é resultado do que há no interior do homem que á de ser responsabilizado pelas suas próprias atitudes interiores  v. 34-37. O que os fariseus e escribas falaram não foi resultado do acaso, ou de uma ignorância a respeito de Jesus, mas a frutificação do mal que estava em seus corações. Por isso seriam responsabilizados no dia do juízo final e teriam que dar contas ao próprio Senhor Jesus no dia do juízo final e, certamente, seriam condenados pelas palavras proferidas a partir dos seus corações malignos.
CONCLUSÃO
Há pessoas que rejeitam conscientemente a Jesus Cristo, mesmo sabendo da sua realidade divina. Podem existir mesmo no meio do povo de Deus e podem ocupar posições religiosas respeitáveis aos olhos humanos. Mas seus corações poderão ser reconhecidos por suas palavras que sempre colocarão Jesus Cristo em segundo plano, que sempre procurarão menosprezar o que Cristo fez e faz pelo pecador e contra as potestades malignas. Suas palavras estarão sempre fora do contexto das Escrituras, torcendo-as e procurando afastar pessoas do reconhecimento de que Jesus Cristo é o Filho de Deus que veio ao mundo para conceder a salvação a todos quantos crerem nele.
Tais pessoas, por melhor que seja a sua aparência religiosa, já têm a condenação garantida por Jesus Cristo e não devem ser seguidas, sob pena de seus seguidores serem levados, também, à perdição eterna.
Não têm salvação porque ultrapassaram limites de malignidade e se tornaram tão maus quanto o próprio Satanás que luta contra o Senhor Jesus Cristo e contra a sua obra de salvação da humanidade. Por lutarem contra Jesus Cristo, sabendo quem ele é e do poder divino que possui, blasfemam contra o Espírito Santo que é o próprio Espírito de Cristo e, na sua blasfêmia, irão de mal à pior, sem possibilidade de perdão por causa da dureza de seus corações.
Aos que crêem em Jesus Cristo como Salvador e o têm como Senhor, nunca blasfemarão contra o Espírito, porque nunca se lançarão conscientemente contra o Senhor Jesus, mas estarão ao seu dispor para servi-lo na propagação do reino de Deus.

sábado, 27 de agosto de 2011

A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO E SUAS FUNÇÕES CONFORME OS ENSINAMENTOS DE JESUS

Muita coisa se diz a respeito do Espírito Santo e de suas atuações no ser humano. Tantas coisas são ditas que está se perdendo cada vez mais a visão real da sua pessoa e suas atuações verdadeiras, e se está vivendo entre os cristãos comportamentos místicos e uma religiosidade nunca ensinada pelo Senhor Jesus e que mais se aproximam das religiosidades pagãs animistas.
Há cristãos sinceros enganados e há cristãos nominais vivendo e produzindo cada vez mais o engano que se alastra pelo mundo inteiro.
Como bons e sinceros discípulos de Cristo, que procuramos viver um cristianismo verdadeiro sem as deteriorações produzidas pelos ensinamentos humanos, precisamos ficar firmes, conhecendo o que Jesus ensinou a respeito do Espírito Santo e crendo em seus ensinamentos como verdadeiros e dignos de serem confirmados em nossos corações.  
Nos capítulos 14, 15 e 16 do Evangelho de João encontramos o que o Mestre nos ensina a respeito deste assunto.
1. A DÁDIVA DO ESPÍRITO SANTO FOI UMA CONCESSÃO DE DEUS A PEDIDO DO FILHO DE DEUS – Jo 14.16-18
Durante o período em que o Senhor Jesus esteve no mundo o Espírito Santo não estava com seus discípulos, mas habitava no Filho de Deus. Ele foi gerado pelo Espírito Santo, fazia maravilhas pelo Espírito Santo e foi ressuscitado pelo Espírito Santo (Rm 8:11) porque este era o Seu Espírito. Jesus era o consolador dos seus discípulos, daqueles que entregaram a Ele suas vidas.
As palavras de Jesus não deixam dúvidas de que o Espírito Santo é o Espírito de Deus, mas que é, também, o próprio Espírito de Cristo (conforme o apóstolo Paulo também afirma em Rm 8:9). Ele afirmou que seus discípulos o conheciam porque habitava com eles e estaria neles; afirmou, concluindo sua promessa de envio do outro Consolador, que não deixaria os seus órfãos, mas que voltaria para eles (v. 18).
O Espírito Santo habitava com os discípulos de Jesus porque estava no próprio Jesus, mas o Cristo voltaria para junto do Pai e, a pedido do Filho, o Pai mandaria o Espírito Santo para ser o Consolador dos seus discípulos.
De fato, não há registro algum no Novo Testamento de os discípulos de Jesus ficar a pedir a Deus a dádiva do Espírito Santo como tantos o fazem hoje. Nem mesmo no dia de Pentecostes quando houve a manifestação visível da presença do Espírito Santo entre eles, houve pedido algum. Não haveria uma crença na promessa de Cristo se um discípulo dEle ficasse a pedir o que ele prometeu que o Pai daria a pedido dEle.
Apenas para registrar, a concessão do Espírito Santo aos discípulos de Jesus aconteceu pouco antes dEle subir aos céus, quando assoprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo”. (Jo 20:22). E, também para registrar, o mundo sem Cristo não pode receber o Espírito Santo, porque não o vê, nem o conhece. A falta de conhecimento do Espírito Santo, no sentido de o Espírito estar na pessoa, significa que a pessoa não está em Cristo e não é de Cristo.
2. O ESPÍRITO SANTO AGE COMO CONSOLADOR NO DISCÍPULO DE CRISTO – Jo 14.16.
A palavra utilizada por Jesus e que é traduzida por “Consolador” foi parakletos que tem como significado “ alguém que é chamado, convocado a estar do lado de outra pessoa, alguém que pleitea a causa de outro diante de um juiz, intercessor, conselheiro de defesa, assistente legal, advogado; pessoa que pleitea a causa de outro com alguém, intercessor; no sentido mais amplo, ajudador, amparador, assistente, alguém que presta socorro.
Não existe no Novo Testamento, nem nos ensinamentos de Jesus, a idéia de que o Espírito Santo torna alguém mais poderoso na realização de milagres, ou que o Espírito Santo faz com que uma pessoa seja mais santificada, ou seja um religioso mais fervoroso.
3. O ESPÍRITO SANTO É QUEM PRODUZ A CONVICÇÃO DA VIDA DE COMUNHÃO DE CRISTO COM O PAI, DOS CRENTES COM CRISTO E DE CRISTO COM OS CRENTES – Jo 14.20.
Ou seja, é o Espírito Santo quem produz a fé em Jesus Cristo com vistas a uma vida de comunhão perfeita com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. “A fé é a prova das coisas que não se vêem” (Hb 11.1). Ninguém vê Jesus Cristo com Deus, nem uma pessoa com Cristo e nem Jesus Cristo com uma pessoa. Com a volta de Cristo aos céus isto se tornou impossível, pois Ele está conosco exatamente porque deixou o Espírito Santo conosco (volte a ver João 14.17,18). A comunhão do Deus trino com os crentes em Cristo é uma realidade espiritual e, por isso, só pode ser conhecida através da fé que é produzida pela ação do Espírito Santo na vida do crente.
4. O ESPÍRITO SANTO É QUEM NOS ENSINA TODAS AS COISAS E NOS FAZ LEMBRAR OS ENSINAMENTOS DE CRISTO – Jo 14.26
Nos versículos antecedentes encontramos Jesus ensinando que a palavras que seus discípulos ouviam não era dele, mas do Pai que o enviou. Encontramos, também, Jesus dizendo que dizia isto estando com seus discípulos. Em seguida Jesus diz: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” De acordo com o contexto podemos afirmar que é o Espírito Santo quem nos ensina todas as coisas a respeito da unidade e da palavra única do Pai e do Filho. Também podemos afirmar que é o Espírito Santo quem age em nossa mente fazendo-nos lembrar tudo o que Jesus ensinou.
A ação do Espírito Santo com respeito às palavras e ensinamentos de Jesus é de perfeita unidade. Não se pode conceber que o Espírito Santo ensine ou leve alguma pessoa a fazer algo diferente do que Jesus ensinou.
5. O ESPÍRITO SANTO PROCEDE DO PAI E TESTIFICA DE CRISTO – Jo 15.26
Em mais uma afirmativa de Jesus encontramos a unidade do Espírito Santo com o Pai e com o Filho. As diferenças de pseudo ensinamentos e comportamentos espirituais do que é registrado na Bíblia e, principalmente, nos ensinamentos de Jesus, só servem para constatar que tudo o que difere daquilo que Cristo ensinou não provém de Deus. São falsos ensinamentos, não importa de quem venha. Se é diferente do que Cristo ensinou, não é dele, não faz parte do verdadeiro cristianismo estabelecido por Jesus Cristo.
Se uma pessoa for realmente discípula de Cristo, se for realmente crente no Filho de Deus, será sempre usada pelo Espírito Santo para testificar do Cristo vivo, que veio ao mundo, morreu para nos salvar dos nossos pecados, ressuscitou, está na presença do Pai e voltará para julgar a humanidade.
6. O ESPÍRITO SANTO É QUEM CONVENCE O MUNDO DO PECADO, DA JUSTIÇA E DO JUÍZO – Jo 16.8-13
Não há evangelho de Jesus Cristo sem o reconhecimento do pecado, sem o reconhecimento da justiça de Deus e sem o reconhecimento de que há um juízo divino que é exercido sobre a humanidade e todos os seres que se rebelam contra Ele.
Sem reconhecimento de pecado não pode haver arrependimento, sem reconhecimento da justiça de Deus não há reconhecimento de que Jesus Cristo é o Redentor enviado por Deus e que em se crendo nEle os pecados são perdoados, e sem reconhecimento do juízo de Deus, inclusive com o destino final de condenação do príncipe deste mundo, Satanás, não há temor quanto ao castigo eterno.
O evangelho de Jesus Cristo tem como essência estes três elementos para que uma pessoa possa receber a mensagem de salvação e, se crer se entregar a Jesus Cristo como Salvador. Mas, quem age na pessoa convencendo de verdades espirituais tão profundas e praticamente inatingíveis para nós que estamos neste mundo tão imerso na incredulidade? Homens com os recursos mais avançados de convencimento nunca conseguiriam isto. O marketing tão avançado na técnica de convencimento das coisas mais absurdas e inimagináveis, não consegue isto. Somente o Espírito Santo, o Espírito da verdade, que é perfeitamente capaz e quer nos guiar por toda a verdade de Deus.
7. O ESPÍRITO SANTO GLORIFICA A JESUS CRISTO – Jo 16.14
Nunca encontramos na Bíblia o Espírito Santo se auto-glorificando, nem glorificando a pessoas, mas sempre agindo em glorificação a Jesus Cristo. E a glorificação de Cristo consiste na anunciação do que recebeu dEle. Anunciação do evangelho da salvação, anunciação dos ensinamentos e mandamentos de Cristo. Anunciação da obra redentora de Jesus Cristo.
CONCLUINDO
Uma pessoa cheia do Espírito Santo será sempre um crente em Jesus Cristo, uma pessoa que reconheceu o seu pecado, se arrependeu e se entregou a Cristo como seu Salvador. Uma pessoa cheia do Espírito Santo é sempre consolada pelo Espírito de Cristo que habita nela. Uma pessoa que tem o Espírito Santo o tem porque recebeu gratuitamente da parte do Pai, a pedido de Jesus Cristo e não pode se ensoberbecer por causa disso. Uma pessoa cheia do Espírito Santo dá valor aos ensinamentos de Deus, aos ensinamentos de Cristo e seus apóstolos encontrados na Bíblia, a Palavra de Deus escrita. Quando mais houver plenitude do Espírito Santo mais fidelidade à Bíblia haverá, mais testemunho de Jesus Cristo, mais convicção da existência do pecado, da justiça de Deus e do juízo final e, consequentemente, mais desejo de viver sem pecados, mais submissão à justiça divina e mais temor a Deus que é o Senhor de todas as coisas.
O que passa dos ensinamentos de Jesus a respeito do Espírito Santo é resultado de mentes humanas sem regeneração, sem a salvação de Jesus Cristo. Mentes que arrastam outras para a mesma perdição a que estão destinadas.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A abominação da desolação no lugar santo, o último sinal do final dos tempos


Comentário sobre Mateus 24:15

Pr. Dinelcir de Souza Lima

Após anunciar a destruição do Templo em Jerusalém, por causa de uma pergunta dos seus discípulos a respeito de qual seria o sinal que haveria da vinda dele e do fim do mundo (24:3), Jesus passou a registrar vários acontecimentos e situações que precederiam a sua volta.
O último sinal a que se referiu foi à abominação da desolação dita pelo profeta Daniel no lugar santo, e deixou como que um enigma: “quem lê, entenda.”
Comentaristas insistem em afirmar que o profeta Daniel, em Dn 9:27; 11.31; 12.11, estaria se referindo à destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C pelos romanos e que, portanto, Jesus também estaria se referindo ao mesmo fato.
No entanto, para assumir esta interpretação, simplesmente ignoram alguns aspectos do contexto das palavras de Jesus, tais como:

1. A referência à abominação da desolação estar no lugar santo faz parte da resposta de Jesus aos seus discípulos a respeito da volta dele e do fim do mundo. Não faz parte do contexto a respeito da destruição do templo de Jerusalém.
2. A referência à abominação no lugar santo faz parte de um crescendo apontado por Jesus em direção ao engano religioso dentro do cristianismo (v. 5, 10, 11, 12)
3. Jesus fez referência a uma grande aflição como nunca houve e como nunca haverá, que será subseqüente à abominação no lugar santo (v. 21-23).
4. Jesus profetizou que logo após a grande aflição virá o fim (v. 29). Se estivesse fazendo referência à destruição de Jerusalém, do Templo e ao grande sofrimento do povo judeu  que aconteceu sob o impacto dos exércitos romanos, então o fim do mundo já teria acontecido ou então Jesus teria errado em sua profecia. Além disso, apesar de o povo judeu ter sofrido tanto naquela ocasião, já houve sofrimentos no mundo muito maiores que aqueles, até mesmo para o povo judeu, como o holocausto na Segunda Guerra Mundial, por exemplo.
E a que Jesus estaria se referindo para dizer quem lê entenda?
Certamente não estaria se referindo a Daniel 9:27 porque, realmente a interpretação melhor deste texto é a destruição de Jerusalém.
Também não estaria se referindo a Daniel 11:31 e 12:11 porque o profeta fala a respeito da retirada do sacrifício contínuo como se fosse o estabelecimento da abominação desoladora. No entanto o sacrifício no templo foi abolido pelo próprio Senhor Jesus na sua morte.
Temos que compreender as palavras de Jesus à luz do contexto dos seus próprios ensinamentos e à luz dos ensinamentos dos seus apóstolos no Novo Testamento. O final acontecerá no período do Novo Concerto.
Jesus disse que a abominação seria visível. Não no sentido literal, porém no sentido da percepção através do exame, do conhecimento.
A expressão grega que é traduzida por abominação, ou abominável, ébdelugma , referente a “uma coisa suja, horrível, destestável”, referindo-se a “ídolos e coisas pertencentes a idolatria” (Strong, James.  Léxico Hebraico, Aramaido e Grego de Strong, Sociedade Bíblica do Brasil, 2002, 2005, S.G 946). Isto significa que Jesus, então, não estaria se referindo a um cerco militar literal, nem a uma abominação por estrangeiros ou inimigos interrompendo o sacrifício, nem destruindo o lugar santo do Templo onde havia o sacrifício contínuo, mas estaria se referindo aos exércitos da iniqüidade, da idolatria e, consequentemente, da adoração falsa e do cristianismo falso no lugar santo.
Isto é confirmado pelas palavras do profeta Daniel, encontradas em Dn 9.5-16, em que descreve a abominação cometida pelo povo de Deus contra Ele, fazendo referência à iniqüidade estabelecida em Jerusalém.
Nas palavras de Daniel encontramos: cometimento de iniqüidade, procedimento ímpio, separação dos mandamentos e juízos de Deus, indiferença aos profetas de Deus, prevaricação, rebeldia contra Deus, desobediência à voz de Deus, falta de conversão a Deus, prática de atos ímpios. E encontramos, também, o pedido para Deus afastar a ira e o furor dEle da cidade de Jerusalém, do santo monte dEle.
Creio firmemente que Jesus estava se referindo a todas estas coisas sujas, horríveis, detestáveis para Deus que estaremos vendo no lugar santo na precedência imediata da volta dEle e do fim do mundo.
Mas, ficou algo para compreendermos ainda: E, o que seria o lugar santo? Certamente não seria o lugar de sacrifícios no templo de Jerusalém. Como já dissemos, o sacrifício de Jesus aboliu qualquer outro tipo de sacrifício e, apesar de alguns defenderem a idéia, o culto sacrificial nunca será restaurado por Deus porque estaria inutilizando o sacrifício do Filho dEle e estaria retornando ao que era provisório e ficou envelhecido com o que é definitivo.
O lugar santo, a Jerusalém no Novo Concerto é a igreja de Cristo. É a igreja de Cristo que descerá do céu como a nova Jerusalém, como noiva gloriosa, ataviada para o seu esposo, Jesus Cristo. É a igreja de Cristo que é santa, separada do mundo, consagrada para Deus através do sangue do Cordeiro, Jesus Cristo.
O que Jesus estava dizendo é que, quando fosse percebido, visto, as igrejas dEle cometendo iniqüidades, procedendo impiamente, deixando os mandamentos e juízos de Deus, indiferentes às Escrituras, desobedientes à voz de Deus, formada por pessoas que não se importam em se converter a Deus, copiando adorações falsas e idolátricas, então virá o fim. E isto já está sendo visto. 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A MORTE E A RESSURREIÇÃO DO CRENTE, E A VOLTA DO SENHOR JESUS

Baseado em 1 Tessalonicenses 4:13-18; 5:1-11
Sabemos pela carta do apóstolo Paulo que a igreja de Tessalônica era composta de crentes em Jesus Cristo, convertidos através da pregação de um evangelho autêntico e que eles levaram este evangelho a muitas outras pessoas. Que era uma igreja que havia guardado a fé verdadeira, dando provas disso e fazendo com que o apóstolo Paulo ficasse tranquilo e feliz por constatar que o seu trabalho não foi em vão (3:5-7).
Mas sabemos, também pelo contexto da carta, que os crentes de Tessalônica tinham dúvidas a respeito da vinda do Senhor Jesus e da ressurreição dos mortos, o que certamente chegou ao conhecimento do apóstolo Paulo através de informações do pastor Timóteo que fora enviado por Paulo àquela igreja com a finalidade de confortá-los e exortá-los a respeito da fé (3:1,2).
Demonstrando ser importante para o crente em Cristo o conhecimento a este respeito para a vida cristã, apesar de a falta de conhecimento não fazer do crente uma pessoa perdida, o apóstolo Paulo incluiu em sua carta importantes informações para a nossa firmeza e estabilidade espiritual.

A RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO E A RESSURREIÇÃO DOS SALVOS 4:13,14

Os crentes de Tessalônica eram ignorantes a respeito do que acontece aos crentes que morrem antes da vinda do Senhor Jesus e, por isso, ficavam tristes sem motivos. Por ignorância não sabiam o que acontecia e onde estariam os crentes que morrem.
Ignorância é falta de conhecimento e a falta de conhecimento pode acontecer por falta de informação, por desprezo à informação, ou por recebimento de informação deturpada. Certamente os de Tessalônica tiveram informação a respeito do que chamamos teologicamente de “escatologia”, ou seja, da ressurreição dos mortos e da volta do Senhor Jesus. Não era característica do apóstolo Paulo deixar de ensinar a respeito de algo. Desprezo à informação também não seria provável, porque eram crentes atentos à pregação do evangelho e dedicados ao próprio evangelho. Resta, então, informação deturpada, o que era muito provável, considerando que os judeus eram muito ativos em destruir a fé daqueles que criam em Jesus e, com muita probabilidade, trabalhavam entre os crentes para enfraquecer-lhes a fé. Continuavam salvos, não perderiam a salvação por falta de conhecimento do assunto, mas perdiam a alegria e se entristeciam em demasia, sem motivos, igualando-se em tristeza àqueles que não criam na ressurreição dos mortos.
O apóstolo Paulo lembra, então, um elemento essencial da fé cristã: Cristo ressuscitou dos mortos. Estabeleceu nesta verdade a base para o desenvolvimento de um raciocínio bastante lógico, o de que se Cristo morreu e ressuscitou, logo os que morreram em Cristo (Paulo utilizou o verbo dormir ao invés de morrer) serão, também, trazidos com Ele quando voltar. Se não crermos que os crentes em Cristo ressuscitarão, estaremos, também, deixando de crer que Jesus ressuscitou e voltará.

CRISTO VOLTARÁ E REUNIRÁ TODOS OS SALVOS  4:14-18

A igreja universal de Cristo existe somente no sentido espiritual. A existência literal, como a congregação de todos os salvos por Jesus Cristo, é impossível enquanto ele não voltar, pois teria que congregar todos os crentes de todos os tempos e lugares. De todos os lugares até poderia ser, mas de todos os tempos seria impossível por causa exatamente dos que já dormiram no Senhor, que já partiram para a presença de Deus, para o reino celestial.
Como isto acontecerá? O apóstolo Paulo ensina o que é pela palavra do próprio Senhor Jesus (v. 15).
1.                  Deus tornará a trazer com Cristo os que já dormiram nele (v.14) quando ele voltar descendo do céu com grande grito de ordem, com a voz de comando do arcanjo e com o som da trombeta anunciando que está chegando (v. 14,16). Com ele ressurgirão (anistemi no grego), retornarão à realidade da vida aqueles que partiram salvos por Jesus Cristo. Neste texto o verbo “ressuscitar” tem o sentido de “alguém que já partiu, que já morreu, reaparecer, ressurgir.” Cristo voltará acompanhado de todos os seus seguidores que já terão partido.
2.                  Os salvos que estiverem vivos serão arrebatados para estarem juntos com os salvos (v. 17). Haverá um encontro de todos os salvos com o Senhor nos ares, e todos estarão para sempre com o Salvador. Este texto é muito utilizado pelos que gostam de falar ou pensar a respeito do que chamam de “arrebatamento da igreja”. Realmente há referência ao arrebatamento, mas é bom lembrarmos que: a) A figura da igreja está implícita no texto e não explícita. O apóstolo Paulo faz referência aos que “morreram em Cristo”; ou seja, os que morreram salvos por Jesus Cristo. E se refere, também, a Jesus como Senhor. Isto significa que serão arrebatados os que foram salvos por Jesus Cristo, que o têm como Senhor de suas vidas e que, a igreja verdadeira é composta somente por estes. Se alguém estiver na igreja somente por tradição, como quem faz parte de um grupamento religioso, sem ter experiência de conversão, sem entrega de vida a Jesus Cristo, certamente não virá com Cristo dos céus nem será arrebatado com os salvos se ainda estiver vivo na sua volta. Não é no juízo final que a situação de salvação será definida, mas na morte antes da vinda de Cristo e no arrebatamento dos salvos. Quando Cristo assentar em seu trono e julgar a todos, tudo já estará definido quanto aos salvos e não salvos.

O MOMENTO DA VOLTA DE CRISTO – 5:1-11

 Desejar saber quando aconteceria a volta do Senhor seria uma conseqüência natural daqueles que leram as explicações do apóstolo Paulo. Até hoje existem especulações sobre o tempo da volta de Jesus.
Mas o apóstolo continua ensinando, agora sobre o tempo da sua vinda.
1.                  A volta de Cristo será repentina – v. 2. A figura do ladrão entrando em uma casa à noite, ou assaltando uma pessoa no caminho, representa algo que acontece inesperadamente. Em Mt 24.43 encontramos Jesus ensinando a este respeito e dizendo que se o pai de família soubesse a hora em que o ladrão invadiria sua casa, vigiaria e não deixaria acontecer.
2.                  A volta de Cristo acontecerá quando o mundo pensar que está em paz e em segurança – v. 3. O homem busca a paz e segurança por seus próprios meios, desprezando a paz e a segurança que Cristo oferece. Humanamente falando haverá o dia em que conseguirá. Mas, descansados e sentindo-se seguros, entrarão em tormenta e condenação repentina.

3.                  Os filhos da luz devem estar preparados – v. 4-11. O mundo será surpreendido com a volta de Cristo, receberá a repentina destruição e sentira dores como a mulher que dá à luz um filho. Mas os crentes em Cristo não podem ser surpreendidos como os que estão em trevas pois devem estar bem preparados para a vinda do Senhor Jesus. Como filhos da luz, devemos assumir atitudes apontadas pelo apóstolo Paulo: a)      Precisamos vigiar e ser sóbrios – v. 6-8. Se somos da luz, se estamos na claridade do dia espiritual, não podemos dormir como os que estão na noite, nas trevas. O crente tem que estar com seus olhos da alma abertos todo o tempo, sem descansar, para viver preparado para a vinda do Senhor, ou para o dia em que irá encontrá-lo. b)      Precisamos vestir a armadura de Deus – v. 8. Nesta carta o apóstolo resume os elementos da armadura (à qual se refere também na carta aos Efésios) a três elementos somente: a fé, o amor e a esperança da salvação. Comparou a fé e o amor à couraça, elemento da armadura que protegia o coração das investidas do inimigo. Precisamos guardar nossos corações. É essencial que amemos a Deus de todo o nosso coração (Deuteronômio 6:5  Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.). Se o nosso coração se degenerar, se for seduzido pelo mal, deixaremos de amar a Deus. E como receberemos o Senhor Jesus sem amar a Deus? E como podemos guardar o nosso coração? Com a fé verdadeira, a fé em Jesus Cristo, a fé no Salvador. E, também, com o amor. Tendo inteira confiança no Senhor Jesus Cristo e mantendo acesa a chama do amor em nossos corações, não seremos alcançados em nossos corações pelo inimigo. Poderemos ficar feridos, mas nunca seremos derrotados e surpreendidos fora do caminho de Cristo. Com os corações protegidos a vida em Cristo estará preservada. Mas a cabeça, o cérebro, a mente, também é vital. Precisamos raciocinar corretamente. Precisamos analisar as investidas do inimigo, precisamos estudar a Palavra de Deus e conhecê-la cada vez mais para reconhecermos acertadamente as ações que devemos tomar diante do inimigo. Como guardaremos a nossa mente, se é através dela que o inimigo nos ataca? Guardando-a com a esperança da salvação. A salvação tem que ser uma realidade realizada em nosso ser. Convictos de que somos salvos por Jesus Cristo através do sacrifício dEle e da purificação dos nossos pecados pelo seu sangue, nossa mente fica imbatível e prosseguimos confiantes naquele que é o nosso Senhor. c)       Precisamos nos auxiliar uns aos outros – v. 11. Um dos motivos de existirem as igrejas de Cristo é o auxílio espiritual mútuo. Somos um povo que precisa estar unido na fé, no amor a Deus e ao irmão em Cristo, ao semelhante. Precisamos estar prontos a nos auxiliarmos a nos firmarmos na fé e na vida cristã. O cambaleante precisa ser amparado, soerguido e isto é tarefa de todos nós.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

QUEM É DEUS?

O termo Deus que usamos para designar o ser supremo que adoramos vem do grego  Theos e serve, também, para traduzir geralmente a expressão El, do hebraico, que era a designação para uma divindade. Serve, ainda, para traduzir 'Elohim e Elyon, também do hebraico, que eram as designações mais comuns do Deus único, eterno e criador, cujo nome pessoal é Yahweh.
     Tem sido um termo mal empregado por muitos que desconhecem ou rejeitam a existência do Deus verdadeiro, como é o exemplo de adeptos das idéias de Platão que pensava em Deus como sendo a mente eterna, a causa do bem na natureza. Outros definiam Deus como sendo a existência completa de todo ser e que cada ser seria apenas uma derivação dele. Filó-sofos mais modernos também empregaram o termo de forma errada, tais como Fichte, para quem Deus era apenas a ordem moral do universo; ou como Hegel que considerava Deus o espírito absoluto porém sem consciência, até que se torne consciente na razão e pensamentos do homem; ou, ainda, Augusto Comte, para quem Deus era a própria humanidade ou sociedade na sua amplitude.
     Hoje continuam existindo as mais diversas idéias a respeito de Deus no meio chamado cristão e, até mesmo, no meio chamado evangélico. Há os que pensam que Deus tem uma mãe, outros que pensam que Deus é a natureza, outros que pensam que Deus é um ser completamente transcendente (distanciado de tudo). Outros, ainda, pensam que é somente um poder espiritual imanente no universo e uma força criadora em forma de energia.
     Enfim, não há verdade na expressão tão corriqueira de que o nosso Deus é o mesmo Deus de todas as pessoas. Quem é Deus, de fato? À luz da Bíblia podemos conhecer o que Deus revelou dEle mesmo a nós.

DEUS É O SER ETERNO
Gên 21.33; Isa 40.28; Sal 90.2

Esta é a primeira característica do Deus verdadeiro e é uma característica que é peculiar a ele somente. Deus não é um ser eterno, mas é o ser eterno. Ele é único. Não tem princípio nem terá fim; sempre existiu e sempre existirá. Não há qualquer outro ser no universo que seja como Deus, porque mesmo os que foram criados por Ele e passaram a ter uma existência sem fim, um dia, ao serem criados, tiveram um princípio. Assim são os seres celestiais (mesmo os que caíram); assim são os seres humanos. Suas existências se prolongarão pela eternidade, porém em alguma época tiveram um princípio.
     No entanto, Deus não é assim. Ele é eterno. Os patriarcas sabiam disso. Abraão, seus descendentes, Moisés, os profetas, os apóstolos, adoravam e serviam ao Deus eterno. O apóstolo Paulo declarou que ele é o único que possui imortalidade (1Tim 6:16). O próprio Deus decla-rou sua eternidade a Moisés, quando este perguntou a quem deveria anunciar aos hebreus como seu mandatário e recebeu a seguinte resposta: “EU SOU O QUE SOU. (...) Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros.” (Êxodo 3:14).
     Uma interessante observação que é feita por Henry Clarence Thiessen, autor de Palestras em Teologia Sistemática, editada pela Imprensa Batista Regular, São Paulo, é que Deus “é a causa do tempo” (pág. 77). Lembra que tanto espaço quanto tempo estão entre as coisas que foram feitas por ele.


DEUS É O SER ONIPRESENTE
Sl 139.7-12; Jer 23.23,24; At 17.27,28

Deus pode estar, ao mesmo tempo, em todos os lugares do universo, pode estar junto de cada ser humano, está em cada crente em Cristo. Sua pessoa transcende o espaço e não é restrito a lugares.
     Deve-se ter o cuidado, no entanto, para não se pensar como os panteístas ou os naturalistas que crêem que Deus está, necessariamente, em todas as coisas ou em toda a natureza. Também não se pode pensar que Deus está obrigatoriamente em lugares onde as características são contrárias à sua natureza moral. Deus pode interferir, mas não tem que estar, inerte, observando ou sendo obrigado a participar do que não deseja participar (Amós 5.23).

DEUS É O SER ONISCIENTE
Sal 147.5; Prov 15.11; ; Heb 4.13

Há uma idéia tacanha a respeito da onisciência de Deus: a de que ele é onisciente porque conhece a mente do homem. Alguns até desen-volveram a idéia de que Satanás não conhece a mente do homem porque ele não é onisciente.
     Se a onisciência de Deus fosse somente isto, seria muito pouco. Deus é onisciente porque conhece todas as coisas, em todos os lugares e em todos os tempos. Ainda é Thiessen quem diz: “Com onisciência de Deus queremos dizer que ele conhece a si próprio e todas as outras coisas, quer sejam reais ou apenas possíveis, quer sejam passadas, presentes ou futuras, e que ele as conhece perfeitamente e por toda a eternidade. Ele conhece as coisas imediata, simultânea, completa e verdadeiramente. “(Op. cit., Pág 78)
     Talvez o que mais possa caracterizar Deus como o ser onisciente, seja a sua capacidade de conhecer a si próprio de modo total e completo. Quem seria capaz de conhecer Deus em sua totalidade a não ser ele próprio?

DEUS É O SER ONIPOTENTE
Gn 17.1; Mt 19.26; Ap 19.6

Tiessen lembra que “para o cristão, a onipotência de Deus é uma fonte de grande conforto e esperança” (op. cit. p. 80). E realmente o é. Ser servo daquele que tem todo o poder em todo o universo é algo confortante e maravilhoso. No entanto, deve ser observado que há o outro lado da moeda: para os descrentes, para os que rejeitam Deus e sua soberania, a sua onipotência é sinônimo de pavor porque é a indicação infalível para verdade que um dia todo joelho se dobrará diante dele (Fp 2.10).
     Não precisamos ficar a analisar demoradamente o que seria onipotência, uma vez que a expressão é precisa em indicar o seu próprio significado: todo o poder, poder total. Deus é o único ser em todo o universo que tem e detém para si todo o poder (Sl 62.11). O poder pertence a ele somente, não existindo nenhum outro ser em todo o universo que divida o poder com ele, Deus. A onipotência de Deus é manifestada na sua vontade infinita, que é capaz de fazer tudo o que deseja, de criar tudo do nada.



Mas precisamos analisar alguns aspectos dessa onipotência de Deus que tem sido mal compreendida ou mal observada por tantos.

1. A onipotência de Deus não o obriga a fazer coisas que sejam contrárias à sua natureza.

Lewis Sperry Chafer, em sua obra de Teologia Sistemática, Vol I, editada pela Imprensa Batista Regular, São Paulo, 1986, diz: “A capacidade divina de criar um universo a partir do nada através da vontade é a grande manifestação de poder. Tal poder só pertence a Deus. Ele é capaz de fazer tudo o que deseja, mas ele pode não desejar agir na medida plena de sua onipotência. Sua vontade é dirigida para fins santos e dignos. Ele não pode se contradizer” (pág. 178). Ele não pode mentir (Hb 6.18); ele não pode negar-se a si próprio (2Tm 2.13); ele não pode praticar pecado (Tg 1.13). Se Deus, para provar o seu poder fizesse essas coisas, deixaria de ter a natureza que tem, na qual não pode existir qualquer resquício de malignidade. Tiessen afirma que Deus “pode fazer qualquer coisa que esteja em harmonia com a sua natureza” (p. 79).


2. A onipotência de Deus não o obriga a fazer o que ele não desejar.

Ele deixaria de ser onipotente se fosse obrigado a fazer qualquer coisa ou, até mesmo, se fosse obrigado a deixar de fazer qualquer coisa. O poder de Deus lhe dá a condição de se auto-limitar e isto porque só ele próprio poderia criar limites para si, sendo isto impossível para qualquer outro ser no universo. Aliás, essa é a grande luta de Satanás contra Deus: limitar Deus no seu poder ou desvirtuar o poder de Deus. Essa é a luta que vemos no episódio da criação, mas vemos também ali, Deus mantendo sua onipotência. Sendo onisciente, Deus já sabia que o homem pecaria, mas se deixasse de criar o homem para que este não pecasse, estaria sendo limitado não por si próprio, mas por Satanás que levaria o homem a pecar. Se criasse o homem sem capacidade de escolher suas próprias atitudes, também estaria sendo limitado por Satanás, uma vez que desejava criar um ser que seria à sua imagem e à sua semelhança. O plano de salvação estabelecido por Deus antes mesmo da criação do mundo é uma manifestação da natureza de Deus incomparável. Ele manteve a sua onipotência porque criou o homem e manteve a capacidade de escolha do homem apresentando-lhe duas escolhas consecutivas e conseqüentes: a primeira escolha seria não morrer; e a segunda escolha (já que o homem escolheu morrer) seria o homem receber de volta a vida. Tanto a soberania onipotente de Deus, quanto a liberdade de escolha do homem foram mantidos na criação e no plano de salvação. Deus só fez o que ele desejou fazer e não deixou de fazer o que queria.

3. A onipotência de Deus é eterna. 

Quando ensinava como o servo de Deus deve orar, Jesus declarou que ao Pai pertence o reino, e o poder, e a glória, para sempre (Mat 6.13); o apóstolo Paulo, escrevendo sua carta aos da igreja de Roma, declara que o poder de Deus é eterno (Rom 1.20). Não é uma característica de Deus que pode cessar. O poder de Deus não é um poder limitado ao tempo, porém dura para sempre. Se fosse limitado ao tempo não seria onipotência pois, de alguma maneira, teria um limite.


4. A onipotência de Deus é declarada na natureza.

Lembrando, ainda, das palavras do apóstolo Paulo aos romanos, observamos que o poder de Deus pode ser compreendido e claramente visto através das coisas que foram criadas. Nenhum outro ser poderia criar o universo, as coisas que vemos e as que não vemos. Há pessoas que pensam na natureza como se ela própria tivesse um poder pessoal e, até mesmo, como se fosse onipotente. No entanto, toda a natureza, em sua complexidade infinita, manifesta que um ser todo-poderoso criou todas as coisas, organizando-as sob todos os aspectos.



sábado, 12 de março de 2011

TERIA DEUS CRIADO O MAL?

Há uma pregação estranha rondando insistentemente nossos arraiais evangélicos, a de que Deus teria criado o mal.
É uma pregação que parece ter base bíblica porque os defensores da idéia  fundamentam suas pregações em um texto do livro do profeta Isaías onde lemos: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.” (Is 45.7)
Aparentemente parece claro, definitivo e contundente e parece conter a afirmação que Deus, de fato, criou o mal. Mas, examinado com atenção por quem não deseja utilizar textos bíblicos como pretexto para fundamentar idéias pessoais, em uma exegese que observe os princípios básicos da hermenêutica, que leve em conta o real significado das frases e palavras e do contexto imediato e total das Escrituras, mostra que não é tão definitivo para definir a origem do mal no universo e, principalmente, para colocar a culpa em Deus.
Se não, vejamos.

1. No contexto geral da Bíblia encontramos que Deus é bom. A sua essência é o amor (1Jo 4.8,16) e por isso faz parte da sua natureza a benignidade, a benevolência, o altruísmo, a justiça, a verdade, a misericórdia (ver 1 Co 13.4-7). Em sua natureza essencialmente benigna não há lugar para a maldade e criar o mal seria uma maldade. Em sua natureza essencialmente verdadeira não há lugar para a mentira e o mal penetrou no mundo através da mentira, pelo pai da mentira em quem não há qualquer resquício de verdade (Gn 3.1-5; Jo 8.44). Em sua natureza essencialmente justa não há lugar para o mal que é a própria manifestação da injustiça (Salmos 11.7; 33.5). Enfim, se Deus é bom, não há qualquer possibilidade de ter criado o mal. Se o fizesse, não seria bom, não teria o amor como sua própria essência.

2. No contexto imediato não encontramos Deus se referindo à criação do mal. Deus está falando de justiça e salvação. Quando diz que criou, no sentido de alguma realização em um momento da história, no passado, diz que criou, exatamente, a justiça e a salvação. Justiça e salvação real, perfeita, porque ele é o único Deus, criador de todas as coisas. Quando fala de luz e trevas, de paz e de mal (veremos adiante de que mal está falando), está mostrando aspectos do exercício da sua justiça e, conseqüentemente, da motivação para ter criado a salvação.

3. Na análise das frases e palavras não encontramos Deus afirmando que em algum momento criou o mal, porém afirmando que cria (em um sentido permanente e contínuo) o mal. Além disso, a palavra na língua hebraica que foi traduzida por mal, não está bem traduzida nesse contexto. Note-se que estão sendo apontadas realidades opostas, antagônicas: luz e trevas, paz e mal? Certamente que a palavra ra’, nesse contexto seria melhor traduzida por um de seus outros significados, como aflição ou adversidade. Aí sim, teríamos uma tradução correta, dentro do sentido da frase: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio a aflição; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.”

Definitivamente, diante da realidade bíblica, não há como se defender a idéia de que Deus criou o mal. Longe de ser uma verdade bíblica este é um pensamento humano, que ao longo da história desenvolveu a idéia de que em Deus existe tanto o bem quanto o mal, coexistindo nele harmoniosamente em equilíbrio de forças. Mas, repetimos, em Deus não há mal algum porque Ele é perfeitamente bom.

sábado, 5 de março de 2011

JESUS REALMENTE DEFINIU PEDRO COMO SENDO O PASTOR DE SUAS OVELHAS?


João 21:15-23

O episódio entre Jesus e Pedro que aconteceu após os discípulos se alimentarem do que Cristo havia providenciado tem sido alvo de muitas especulações por parte de teólogos e intérpretes da Bíblia. Há os que dizem que naquela ocasião Jesus estava estabelecendo o apostolado de Pedro acima dos outros apóstolos; outros dizem que Jesus estava restabelecendo a comunhão de Pedro com o Mestre; outros dizem que Jesus estava repreendendo Pedro. Prefiro ver que Jesus estava demonstrando através do diálogo com Pedro, que demonstrara publicamente uma aparente falta de amor para com Ele quando o negou por três vezes, que o amor é algo essencial para que seus apóstolos e futuros pastores pudessem apascentar as ovelhas dEle. Se não, vejamos.
1. Jesus perguntou três vezes se Pedro o amava. A primeira vez perguntou inclusive se amava mais do que os outros apóstolos. Ele respondeu que sim, que Jesus sabia que ele o amava. Pelo comportamento exterior de Pedro Jesus não poderia confirmar isto porque Pedro o negara três vezes publicamente. Como agora diante de seus companheiros dizia que o amava? Era necessário que aquele que continuaria pastoreando ovelhas de Cristo tivesse bastante consciência do que dizia e que deveria sentir realmente. E, pelo que se pode perceber, na terceira resposta Pedro se conscientizou.
2. Jesus mandou três vezes que Pedro apascentasse suas ovelhas. Inclusive, na primeira vez, Jesus mandou que apascentasse os seus cordeiros (v. 15), utilizando uma palavra grega (arnion) que é o diminutivo de cordeiro, cordeirinhos. As ovelhas são animais dóceis, obedientes, necessitadas de alguém que as apascente. Cordeiros são filhotes ainda novos da ovelha. Certamente Jesus estava se referindo àqueles que criam e creriam nEle como pessoas que precisariam de muita dedicação, de muito amor, de muito cuidado. Isto fez ver claramente que amor a Cristo e apascentar as ovelhas dEle são coisas completamente interdependentes. Pedro só poderia ser pastor de ovelhas de Cristo se o amasse verdadeira e profundamente. Isto não queria dizer que somente ele apascentaria as ovelhas de Cristo, mas que era através dele, naquele momento, que Jesus queria deixar isto bem claro, inclusive para os outros apóstolos e futuros pastores que estaria, dali em diante, cuidando dos rebanhos dEle.
3. Jesus ensinou que o amor a ele deve ser manifestado em segui-lo, mesmo com a certeza de morte por causa disto. Nos versículos 18 e 19 lemos de Jesus avisando a Pedro do que aconteceria com ele. Naquele momento ainda tinha vigor e vontade própria, mas haveria o tempo em que não teria vigor e seria conduzido para onde não queria ir. Seria levado à morte. Mas encontramos, também, Jesus ordenando que o seguisse. É como se estivesse dizendo: “Você disse que me amava, mas negou ser meu discípulo por medo de morrer como eu estava para ser morto, mas você deve me seguir se me ama mesmo, mesmo sabendo que vai morrer por amor de mim, por apascentar as minhas ovelhas.” Jesus estava demonstrando, na pessoa e atitudes que Pedro deveria tomar, que o amor a Ele não pode ser somente nominal, verbal, mas tem que ser manifestado em atos mesmo que extremos de perda da vida neste mundo.
4. Jesus ensinou que o amor a ele deve ser independente do amor e da realidade que envolve a vida de outros discípulos. Sabendo que teria que seguir Jesus até a morte, Pedro olhou para João, seu companheiro de longas datas, e perguntou o que aconteceria com ele. A resposta de Jesus demonstrou que a vontade ele para com seus discípulos é soberana e que cada um deve segui-lo sem ficar olhando para realidades da vida de outro discípulo. O amor a Cristo não pode depender do amor, ou resultados do amor, de outro discípulo dEle. Cada um deve seguir a Cristo e obedecê-lo cumprindo suas tarefas pessoais, por si só.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A IMPORTÂNCIA DAS ESCRITURAS PARA QUEM DESEJA A VIDA ETERNA

Pr Dinelcir de Souza Lima

baseado em João 5:31-47

Por causa da cura de um paralítico em um dia de descanso dos judeus, estes perseguiram Jesus e procuraram matá-lo. O Senhor não se intimidou e aproveitou a oportunidade para declarar a sua natureza divina e a sua ligação perfeita com o Pai no que tange à concessão da vida eterna através da crença na sua Palavra, e do juízo que lhe foi entregue e que será exercido perfeitamente enquadrado na vontade de Deus, como um juízo realmente justo.

Na última parte dos seus ensinamentos, Jesus estabeleceu algo que os judeus davam muito valor, o testemunho a respeito de uma pessoa. Jesus dizia ser o Filho de Deus, mostrava ser igual a Deus e, portanto, afirmava cumprir tarefas de Deus. Quem daria testemunho dEle? Quem testificaria da veracidade de sua pessoa divina?

É esta apresentação das suas credenciais como Filho de Deus, que culmina no testemunho a respeito das Escrituras que Jesus deixou para nós e que vamos analisar.

1. QUEM DÁ TESTEMUNHO DE CRISTO É O PAI – v. 31-39

Os judeus se vangloriavam de conhecer e obedecer a Deus. Foi nesse sentimento que Jesus fez a fixação do ensinamento sobre a veracidade da sua filiação única com Deus. Não queriam crer no testemunho dele (em outra ocasião também foi questionado a respeito -8:13,14,18), então deveriam crer no testemunho do Pai.

No versículo 32 ficamos com a impressão inicial de que Jesus estava falando a respeito de João Batista, mas esta impressão se desfaz quando lemos os versículos 36 e 37 onde encontramos a indicação precisa de que estava falando do testemunho do Pai.

Conforme Jesus ensinou, o testemunho do Pai foi dado através:

1. Das pregações de João Batista que testemunhou da verdade (v. 33) e que, de certa maneira foi aceito pelos judeus, que desejaram se alegrar por um pouco de tempo com a luz dele (v. 35);

2. Das obras realizadas por Jesus (v. 37) que foram dadas por Deus e que testificaram de que Jesus foi enviado por Deus;

3. Das Escrituras (v. 37-39) que registram a Palavra de Deus e que precisa ser crida para que se possa crer naquele que enviou o Filho. Para que se possa crer no Filho de Deus é necessário que as Escrituras sejam interiorizadas e permaneçam no interior, na alma da pessoa. Mas Jesus afirma que para que isto seja possível é necessário crer em Deus realmente. Ou seja, só crê na Escritura como sendo a Palavra de Deus que testifica do Filho de Deus, quem crê em Deus realmente. Quem não crê na Escritura, na Bíblia, não crê em Deus de fato.

Os judeus examinavam as Escrituras, conheciam suas palavras, conheciam a Lei, conheciam os fatos registrados nelas, criam que a vida eterna estava nelas de alguma maneira, mas não conseguiam ver o Filho de Deus nelas.

2. O TESTEMUNHO DO PAI É PARA QUE SE TENHA VIDA – v. 40

A grande preocupação de Deus com a humanidade é no sentido de que o homem tenha novamente a vida eterna que perdeu quando o pecado entrou no ser humano através de Adão e Eva. Por isso desde a eternidade Deus planejou enviar e sacrificar seu Filho. O testemunho de Deus através das Escrituras não teria nenhum sentido se não fosse para ensinar o caminho do recebimento da vida através de Jesus Cristo. Examinar a Bíblia com qualquer outra finalidade é perda de tempo, é buscar apenas uma vivência terrena ideal, ou um conhecimento intelectual da pessoa de Deus, ou um comportamento religioso formal e vazio. Quem examina as Escrituras pode e deve ir a Jesus Cristo para receber a vida eterna.

3. RECEBER O TESTEMUNHO DO PAI A RESPEITO DO FILHO É TER EM SI MESMO O AMOR DE DEUS – v. 42

Os judeus examinavam as Escrituras, mas não criam no testemunho delas a respeito do Filho de Deus. Isto significava que não criam realmente em Deus. Significava, também, que não tinham em si mesmos o amor de Deus. Se de um lado não criam, por outro não recebiam. Não amavam a Deus sobre todas as coisas, não desfrutavam do amor de Deus que era manifestado na dádiva do seu Filho.

4. O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS É SUPERIOR AO TESTEMUNHO DE QUALQUER OUTRA PESSOA – v. 43,44

Jesus veio em nome de Deus. As Escrituras testificaram dele. Mas os judeus não o aceitaram e, preferiram aceitar as palavras de outras pessoas que, inclusive os incitava a matarem o Filho de Deus. Se Jesus dizia que era o Filho de Deus, preferiam ficar com o testemunho daqueles que diziam que não era. Além disso, a história registra inúmeros “messias” que vieram em seu próprio nome, inclusive logo após a morte de Jesus, e foram aceitos como tal. Foi o caso de um certo Simão bem Cochba, que em 132 d.C se apresentou como sendo o Messias da linhagem de Davi e foi aceito pelo rabino mais importante do seu tempo, Akiba, e que liderou uma revolta contra Roma.

Não há como crer no Filho de Deus, no testemunho das Escrituras, dando-se ouvidos a palavras de homens vazios, que testificam de si mesmos como se fossem enviados de Deus e como se tivessem alguma ligação especial com Deus.

5. SÓ CRÊ NAS PALAVRAS DE JESUS QUEM CRÊ NAS ESCRITURAS – v. 45-57

Impressiona como Jesus foi construindo na mente de seus ouvintes uma sequência de fatos a respeito dEle, da sua natureza única com o Pai, da palavra dEle, da vida eterna e da necessidade de se crer nas Escrituras para que se possa crer nEle como o Messias, o Salvador que concede a vida eterna.

Jesus dá a vida a quem crê incondicionalmente na palavra dEle; Jesus dá a vida porque Ele recebeu do Pai conceder a vida a quem Ele quiser conceder; Jesus tem que ser honrado como Filho de Deus por quem deseja honrar o Pai; a vida eterna é garantida a quem dá ouvidos à palavra de Cristo e, consequentemente, crê no Pai; quem testemunha que Jesus é o Filho de Deus é o próprio Deus, através de profetas que enviou, das obras que Jesus realizou e, finalmente, através das Escrituras; só crê em Jesus quem vai a Ele através das Escrituras para ter a vida, crendo no que foi escrito a respeito dEle.

O Senhor Jesus finalizou seus ensinamentos àquelas pessoas fazendo referência aos escritos do profeta mais exaltado pelos judeus, Moisés, escritor dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, afirmando que do próprio Jesus ele escreveu e que se não criam no que Moisés escreveu, não poderiam crer nas palavras dEle. Resumindo: Quem não crê no que está escrito nas Escrituras não pode crer nas palavras de Cristo. Se não crê nas Escrituras, não crê nas palavras de Cristo e não tem a vida eterna.

CONCLUINDO

1. Quem deseja a vida eterna não pode ficar dando ouvidos a pessoas que criam e divulgam seus próprios conceitos religiosos, ou que recebem e divulgam conceitos religiosos de outras pessoas. Por que crer em pessoas comuns e não crer em Jesus, o Filho de Deus?

2. Não se deve ler a Bíblia por ler, ou para criticar, por curiosidade, ou apenas por obrigação religiosa. Deve-se ler a Bíblia reconhecendo que são as palavras de Deus escritas para ensinar que o Filho dEle é o Salvador, que foi enviado por Ele para conceder a vida eterna, e que é na Bíblia que encontramos as palavras de Cristo.

3. Deus testificou do Filho de muitas maneiras no passado. Hoje os testemunhos que Deus deu do Filho dEle estão registrados na Bíblia e é somente através da Bíblia que podemos realmente conhecer Jesus Cristo. Os pregadores que pregam o evangelho verdadeiro, pregam o que está na Bíblia. Quem prega o que não está na Bíblia não é verdadeiramente um pregador do evangelho de Jesus Cristo, mas é pregador de evangelhos de homens, evangelhos que não conduzem à vida eterna.